FATOS DE NOSSA HISTÓRIA: SECAS, UM TORMENTO SEM FIM

quarta-feira, 13 de abril de 2011

     Olavo de Medeiros Filho, em seu livro “Caicó, Cem Anos Atrás”, publicado em 1988, transcreveu a seguinte notícia, que fora publicada em 15/03/1891 no extinto jornal “O Povo”:

FALTA DE CHUVAS E CALOR

        Vai causando sérias apreensões aos sertanejos a falta de chuvas que se nota por toda a parte. Os rios Piranhas, Sabugi e Seridó, que, às vezes em dezembro dão cheias, anunciando o começo do inverno, até hoje (14 de março) ainda não deram sinal de chuvas. Apenas em alguns pontos têm aparecido chuvas mais ou menos fracas e limitadas. A temperatura tem se mantido sempre elevada, marcando o termômetro 28º e 29º na mínima e 35º a 36º na máxima. Tanto frio na Europa...

     Manuel Rodrigues de Melo (“Várzea do Açu”, 3ª ed., São Paulo: Instituto Nacional do Livro, 1979), por seu turno, descreveu duas das mais terríveis secas que assolaram a região:

     (...) A Seca de 1877, o povo comendo garra de couro velho apanhada no terreiro, roendo osso feito cachorro, comendo xique-xique assado, macambira, comendo gato de casa, cachorro, carne de cavalo e quanta coisa ruim ia encontrando pelos caminhos; quem diz isso é porque nunca viu a seca de 1915, - o povo deixando as casas, os cercados abandonados, o gado morto, os matos secos, as estradas cheias de retirantes, as cidades superpovoadas, lavrando a bexiga, a varíola, o sarampo, a febre intestinal; as crianças de peito tiritando de fome, morrendo pelos caminhos; as mulheres sujas e rasgadas, cadavéricas, parecendo múmias, engelhadas, cabeludas, desgrenhadas, parecendo almas de outro mundo (...).

     E ainda há quem afirme que tempos bons eram esses...

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