O PODER DA MÍDIA

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Acabei de ler no blog de meu amigo Jarles Cavalcanti que um deficiente mental de nossa cidade teria afirmado que iria repetir, numa escola de Jardim, o massacre ocorrido no Rio de Janeiro. Imediatamente, lembrei-me da reportagem de capa da revista Veja desta semana. Está lá, na página 96:

“O massacre na escola em Realengo, no Rio de Janeiro, repete o modelo de ataques ocorridos em outros países nos últimos anos. O comportamento de Wellington Menezes de Oliveira assemelha-se ao exibido em matanças anteriores em aspectos como a busca na internet de treinamento e ideias para o crime, o uso de roupas pretas ou camufladas, o planejamento minucioso do ataque, a admiração por atentados terroristas e a intenção suicida. Esse padrão foi solidificado em 1999, quando os americanos Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, mataram treze pessoas e feriram 24 na escola Columbine, no Colorado. Antes disso, muitas outras chacinas em escolas já haviam ocorrido, a maioria nos Estados Unidos, mas a de Columbine foi emblemática porque ganhou muita visibilidade e ocorreu em um momento de popularização da internet (...)”.

No trecho acima transcrito, percebe-se o poder que a mídia exerce sobre pessoas desequilibradas. Desde o trágico acontecimento no Rio de Janeiro, não há um só dia em que a televisão, o rádio e a internet não divulguem detalhes novos sobre o caso. O rosto de Wellington, sua trajetória de vida, seus gostos, medos, anseios e neuroses passaram a ser conhecidos por grande parte da população brasileira. Diversos vídeos o mostram, retratando-lhe uma ou outra faceta. E aí eu lhe pergunto, caro leitor: não era realmente isso o que ele queria? Matar um monte de inocentes para, em seguida, aparecer em todas as emissoras de TV, ficar famoso no país inteiro, mesmo depois de morto? Não teria o deficiente mental agido hoje pela manhã sob a influência dessa exposição exagerada de um desequilibrado? Quantos outros malucos não estarão neste momento planejando fazer algo parecido, apenas para que seu rosto apareça no Jornal Nacional?

É preciso repensar a forma como se noticia esse tipo de fato. Não se pode dispensar a alguém como Wellington tratamento de celebridade. Exposição exagerada de bandidos, assassinos, terroristas acabam por transformá-los em verdadeiros deuses para quem não é capaz de discernir entre o Bem e o Mal.

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