FATOS DE NOSSA HISTÓRIA: O DESEJO DE SER PARÓQUIA

domingo, 24 de abril de 2011


No livro nº 9, em que se registraram as atas das sessões ordinárias e extraordinárias da Câmara Municipal de Jardim de Piranhas, acha-se transcrito um artigo do antigo jornal “A Ordem”, lido em plenário pelo vereador na época, Valdimir Dantas. Esse artigo, de autoria do Monsenhor Severino Bezerra, assim retratou a cidade em tempos bem remotos:

(...) A cidade de Jardim de Piranhas está como sentinela nos limites com a Paraíba, sentada na margem direita do rio Piranhas. Não é um lugar novo. Já lhe pesam muitos anos de vida e queremos até que seja mais idoso do que a antiga Cidade do Príncipe – o Caicó. No seu livro “Homens e Fatos do Seridó Antigo”, o Bispo Dom Adelino Dantas diz que, ao demolir-se uma parte da antiga igreja de Jardim do Piranhas, em 1956, foi encontrado um tijolo que trazia esta inscrição: “20 de julho de 1710”. É um documento que prova a antiguidade do lugar, pois sabemos que nossas cidades atuais nasceram em redor da capelinha rural. As “Memórias Históricas do Rio de Janeiro”, do Mons. Pizarro, iniciadas em 1781, fala de Jardim do Piranhas como o principal distrito do Caicó, onde há juiz e uma capela de que é orago Nossa Senhora dos Aflitos. Em 1859, a povoação do Jardim estava em franco desenvolvimento, (...) com trinta casas, capela ornada, com um capelão contratado para assistência religiosa de seu povo. É nesse ano que os moradores do povoado, com um abaixo assinado dirigido à Assembleia Provincial, pedem que faça do povoado sede da paróquia, alegando o seguinte: “que viviam quase segregados da comunhão católica, pela falta absoluta de socorros espirituais devido à longitude de doze e de seis léguas da freguesia, e não é possível satisfazer principalmente no inverno, quando os caminhos ficam separados por dois rios que paralisam o trânsito; procuram ter um capelão que lhes pudesse administrar os socorros espirituais e que, conseguindo, é necessário avultadas somas que não comportam suas bolsas e as condições do lugar. Recorrem ao poder competente para que o tire do deplorável estado em que se acham, permitindo ter um pastor”. O documento é assinado por Antônio José de Oliveira, Antônio Soares de Brito, Antônio J. de Oliveira Júnior, Antônio Dantas Correia, Manoel Batista de Araújo, Manoel Dantas de Carvalho, Joaquim Gonçalves de Sousa Júnior, Joaquim Soares Cavalcante de Brito, João Valentim, Amaro Soares Cavalcante de Brito (pai do Padre João Maria), Antônio das Chagas, Antônio Joaquim de Farias, Raimundo de Farias, João Martiniano Gonçalo Cavalcante e João Pedro Carneiro da Cunha. Anexados à petição estavam os limites da futura paróquia (...). O projeto entrou para o plenário da Assembleia Legislativa em 1862, assinado pelos deputados Padre Francisco de Paula Soares da Câmara, Manuel Ferreira Nobre Júnior, Fermino Dória, Antônio Basílio Júnior e outros, acompanhado de um atestado do capelão do Jardim, Padre II Defonso Lopes, dizendo: “Atesto que esta capela da Senhora dos Aflitos, filial da Matriz do Seridó, há mais de noventa anos tem altar, cálice, ornamentos para a Missa; está colocada na beira do rio Piranhas, em terreno de seu próprio patrimônio, constando de oitocentas braças de comprimento e outras tantas de fundo. O povoado, ainda que pequeno, tem trinta casas e seus habitantes são obedientes a Deus”. A informação é de 31 de janeiro de 1862. Antes de o projeto ser aprovado na Assembleia, foi pedido o parecer do bispo de Pernambuco e, em data de 20 de maio de 1862, teve resposta: “Recebendo proximamente as informações relativas à criação da freguesia de Nossa Senhora dos Aflitos de Jardim do Piranhas, não me é lícito atualmente a prestação do meu ascenso a tal instituição, porque a capela designada para Matriz está inabilitada para o exercício das funções paroquiais, nem pode saber quando estará apta para exercer os próprios ministérios”. Caíram por terra as esperanças dos piranhenses diante da negativa do bispo Dom João da Purificação, de quem o escritor pernambucano Célio Meira chamou-o “Homem de poucas luzes e de muitas virtudes”. Decorridos cento e oito anos do pedido à Assembleia Provincial, o Jardim do Piranhas, a terra natal do Padre João Maria, se torna agora sede de uma paróquia graças à boa vontade e o reconhecimento de mérito por parte de outro bispo, o Exmº diocesano dom Manoel Tavares.

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