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quinta-feira, 17 de novembro de 2011


A NOTÍCIA FALSA E A INGENUIDADE JORNALÍSTICA

Circula pela internet a notícia de que uma estudante carioca de medicina de 23 anos teria obtido na Justiça o reconhecimento de união estável para o relacionamento que manteve durante dois anos com um casal, ambos de 42 anos.

As partes teriam se conhecido em 2008, em uma casa de swing (!) e chegado a residir juntas. O relacionamento teria terminado em 2010, com a paixão e o envolvimento da estudante pela filha do casal, uma adolescente de 17 anos, o que não foi aceito por seus pais.

A notícia chega a mencionar a fundamentação contida na suposta sentença proferida por um juiz da 13ª Vara de Família do Fórum Central do Rio de Janeiro: "O casal, em concordância plena, levou a jovem para dividir seus desejos, afetos e cotidianos. Custeou despesas médicas, acadêmicas e estéticas desta menina que trocou seu conto de fadas no interior pela aventura erótica de um casal de pervertidos. Nada mais justo que agora possa herdar o patrimônio construído durante os dois anos em que sua sexualidade foi tomada de forma terapêutica por esta família profanada".

Tudo evidentemente falso. Além do absurdo jurídico em si, nenhum site sério havia repercutido a "notícia". Eu mesmo a recebi por email e não dei a menor bola, até porque o texto se faz acompanhar de uma foto da suposta estudante lesada. Trata-se, com certeza, de uma tentativa de denegrir a imagem de alguém, o que costuma acontecer na blogosfera, que contém inúmeras notícias falsas com um verniz qualquer de realidade, o que facilita sua propagação.

Eis que hoje notei a "notícia" publicada com destaque na primeira página do UOL e em um blog do Portal do Nassif (que ironicamente contém como subtítulo a frase "construindo conhecimento"). A redação do UOL, certamente alertada pelos comentários dos leitores, ao menos retirou a notícia da primeira página e fez constar que "aguarda confirmação da notícia via Poder Judiciário do RJ".

Deveria aguardar um desmentido... Jornalistas precisam entender que blogs nem sempre são uma fonte confiável. Principalmente quando divulgam notícias polêmicas com nomes e sobrenomes. Checar a fonte, duvidar, questionar, ouvir alguém do mundo jurídico, são procedimentos tão básicos quanto esquecidos.

Santa ingenuidade, Batman!

POST SCRIPTUM: Após contato com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, a equipe VÍRGULA, do UOL, incluiu uma errata às 14h38min, mencionando que caiu "na pegadinha" e que era "muita modernidade para ser verdade". O outro blog continua, digamos assim, construindo conhecimento... hehehe.

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