O advogado criminalista e professor de Direito da FGV de São Paulo, Celso Sanchez Vilardi, concedeu uma interessante entrevista para o site Consultor Jurídico.
Ao ser questionado sobre o significado da vitória e da derrota para um advogado, Villardi contou que, no início da cerreira, defendeu um sujeito preso sem provas, acusado de estupro seguido de homicídio.
No dia do julgamento, o meliante assumiu ser um estuprador e ladrão contumaz, porém alegou ao advogado que não havia cometido aquele crime e que estava pagando por seus crimes passados. Convencido de sua inocência, Vilardi se esforçou muito na defesa mas perdeu por unanimidade e ficou desgostoso com a injustiça do julgamento, uma vez que seu cliente ficaria preso por algo que não fez. Ao ver a desolação de seu advogado, o cínico deu-lhe um tapinha nas costas e confidenciou que havia mesmo matado a menina.
Vilardi ficou ainda mais arrasado com a possibilidade de ter absolvido um criminoso e foi conversar com o promotor, que lhe chamou à razão ao dizer que o advogado não absolve ninguém. Ele é o defensor do cliente e esse é o seu trabalho, a sua missão. Quem absolve ou condena é o jurado, o juiz.
A história é uma aula de humildade. Muitas vezes o advogado acha que seu brilhante trabalho absolveu o cliente ou se remói de culpa ao pensar que o cliente foi condenado "injustamente", como se o resultado do julgamento sempre dependesse única e exclusivamente de sua atuação. Pura vaidade e pretensão! Na verdade, o advogado deve ser parcial e defender o seu cliente, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado e deixar a tarefa de julgar ao juiz e aos jurados.
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1 comentários:
Os advogados servem a Deus e ao diabo ...
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