Devo confessar que me surpreendi com o resultado da última enquete realizada por este blog. Não esperava que mais de dois terços dos votantes aprovassem a adoção do toque de recolher aqui em Jardim de Piranhas. Afinal, trata-se de uma medida impopular, repressiva, que impõe limites a um dos direitos mais sagrados do ser humano: a liberdade.
Analisando os fatos, no entanto, interpretei esse resultado como um recado da sociedade jardinense a quem tem o dever legal de agir em defesa de nossos jovens e adolescentes. Algo precisa ser feito, urgentemente, a fim de afastá-los das drogas, sejam estas ilícitas ou não. Nem que, para tanto, sejam eles confinados em suas casas, dificultando-lhes o contato com traficantes ou amigos da onça.
Não acho que a melhor saída seja a decretação de um toque de recolher. Considero perigoso conferir ao Estado poderes que não lhe são inerentes, pois se corre o risco de, no futuro, esse mesmo Estado, utilizando-se de medidas totalitárias, voltar-se contra nós, negando-nos direitos conquistados à custa de muita luta e sofrimento.
A educação dos jovens e adolescentes é dever dos pais. É a estes que cabe a tarefa de vigiá-los, acompanhá-los de perto, sabendo o que se passa com eles, ouvindo o que têm a dizer, aconselhando-os, amando-os, mas os repreendendo, na medida certa, sempre que for necessário. Nenhum juiz, promotor de justiça, policial, padre ou prefeito conseguirá fazer de nossos filhos pessoas melhores se nós, que os colocamos neste mundo, permitirmos que eles perambulem pelas ruas durante a madrugada.
O toque de que precisamos, portanto, é o que integra a expressão usada para alertar uma pessoa de que ela deve “abrir os olhos” para um fato qualquer. Muitos pais e mães jardinenses devem se tocar, ou seja, devem se dar conta do mal que estão causando a seus filhos, dando-lhes liberdade em excesso. O amor paterno e materno não pode ser confundido com permissividade. Alguns nãos devem ser ditos sem medo de parecer ultrapassado ou carrasco. Compreendo que não é uma tarefa simples, mas a considero mais fácil que curar um viciado em crack.
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