A edição nº 2.222 da revista Veja, em circulação nesta semana, traz uma matéria sobre a queda da criminalidade nos Estados Unidos. Transcrevo, abaixo, os trechos mais importantes de “O paradoxo americano”, de autoria do jornalista Ricardo Westin.
“Os Estados Unidos estão, desde 2008, mergulhados em sua maior recessão econômica desde a Grande Depressão dos anos 30. Há duas semanas, o desemprego estava na casa dos 9,1%, o dobro da taxa de 2007. Nesse cenário, causou surpresa a divulgação pelo FBI, a polícia federal americana, de que os índices de criminalidade no país atingiram em 2010 o patamar mais baixo dos últimos quarenta anos (...)”.
“Vários motivos podem explicar a queda da criminalidade nos Estados Unidos. O principal deles é que a polícia americana prende muito – e mantém os condenados presos por muito tempo. É o contrário do que ocorre no Brasil, em que uma série de benefícios, como a progressão da pena e os indultos, antecipa o alvará de soltura. A Justiça americana coloca atrás das grades autores de todo tipo de delito, mesmo os pequenos e é especialmente dura com os reincidentes. Essa política faz com que o país tenha a maior população carcerária do mundo proporcionalmente ao número de habitantes (...)”.
“Um fator histórico que pesa no controle da violência nos Estados Unidos é a chamada política de ‘combate às janelas quebradas’, adotada em cidades como Nova York, Chicago e Los Angeles. Reza ela que é preciso cuidar do ambiente urbano nos mínimos detalhes e reprimir com vigor mesmo os delitos aparentemente inofensivos. Uma mera janela quebrada numa escola pública ou um passageiro que pula a roleta do metrô sem pagar a passagem transmitem aos criminosos a mensagem de que o poder público está ausente – e isso é tudo que eles querem. A pioneira na implantação dessa política foi Nova York. Entre 1990 e 1998, o número de delinquentes detidos na cidade por crimes violentos caiu de 150 000 anuais para 70 000 (...)”.
“(...) No Brasil, vive-se uma situação inversa à dos Estados Unidos. A economia está em crescimento, mas apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo houve ligeira queda nos índices de criminalidade – resultado da maior presença da ação policial. Em alguns estados, como Alagoas, a escalada do crime atingiu níveis que seriam intoleráveis na maioria dos países. Um pesquisa recente, coordenada pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do livro Mapa da Violência – Os Jovens do Brasil, mostra que apenas 8% dos homicídios são solucionados, ou seja, o assassino é identificado e preso. A taxa de impunidade é de 92% (...)”.
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