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domingo, 28 de agosto de 2011


A JUSTIÇA SOU EU

Fatos estranhos pintam aqui e ali. Aparentemente desconexos, eles têm um denominador comum. É a insegurança pública. Não se trata do medo natural decorrente da divulgação de assaltos, roubos, sequestros, estupros. Nem de paranoias nascidas sabe Deus como. Nem de cuidados impostos aos cidadãos que moram em grandes cidades.

Trata-se de demonstração clara de perda da confiança nas instituições. Sem fé na ação da polícia, a população recorre a meios próprios pra fazer justiça. É assustador. Três exemplos recentes ilustram a mudança de comportamento. Se a moda pega…

Morador de Formosa teve a casa assaltada. Registrou queixa na delegacia. Dias depois, novo assalto. Nova reclamação. Novo zero à esquerda. Outra vez. Outra vez. Outra vez. Ele, então, lançou mão de meios rudimentares e montou arapuca na sala. Na hora em que o ladrão abriu a porta, balas o atingiram no peito. O bandido morreu.

Médica pintou o muro da casa de vermelho. Avisou aos amigos do alheio que se tratava de sangue contaminado. Pra tornar o cenário mais apavorante, pendurou seringas com o aviso de estarem contaminadas com o vírus HIV. Nenhum meliante se aproximou. A lei sim. A atrevida senhora, que teve a moradia assaltada cinco vezes em um mês, terá de prestar contas às autoridades pelo ato tresloucado.

Proprietários de bares e restaurantes sabem que mendigos afugentam a clientela porque criam situações constrangedoras. Aproximam-se dos fregueses e pedem dinheiro. Não querem comprar comida. Estão desesperados pra satisfazer a necessidade de crack. Medidas para deixá-los a distância fracassaram. A saída? Perder os anéis pra manter os dedos. Os comerciantes pagam aos pedintes pra poupar os consumidores.

Houve tempo — e não faz tanto tempo assim — em que a placa "Cuidado. Cão feroz!" afugentava ladrões e aprendizes de ladrões. Mas a realidade mudou. Com assustadora rapidez, respostas à violência perdem eficácia. A segurança privada se tornou parte do passado. Câmeras sofisticadas deixaram de inibir quem se dispõe a invadir e matar. Recorrer às autoridades? Não adianta. Encurralado, o cidadão de bem dá asas ao desespero. Dá no que dá.



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