ERRO DE PORTUGUÊS OU LICENÇA POÉTICA?

sábado, 7 de maio de 2011

Alguns leitores, por ocasião das dicas de Língua Portuguesa que aqui posto, enviam-me comentários "inocentando" as bandas de forró que costumam atacar a Gramática, afirmando que estas estão apenas se utilizando da chamada LICENÇA POÉTICA (leia uma esclarecedora matéria sobre o assunto em http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1244135).
Agradeço a esses leitores. Seus comentários indicam que eles estão atentos às questões relacionadas ao correto uso do vernáculo. Por outro lado, reafirmo que todos, inclusive este humilde blogueiro, podem-se equivocar quando falam ou escrevem. Não sou infalível. Cometo erros como qualquer um. Ao me utilizar de letras de forrós para ilustrar as postagens, faço-o porque estas são bem conhecidas e, por isso, ajudam a fixar a mensagem transmitida.
Voltando à questão da licença poética, não vislumbro o uso dessa ferramenta linguística nas músicas mencionadas em postagens anteriores. Na minha modesta opinião, os erros presentes nas letras não foram cometidos de propósito, mas sim por desconhecimento das regras gramaticais. Exemplo de licença poética estão nas músicas "Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa, e "Asa-Branca", de Luiz Gonzaga. Vejam:


(...)

Mas um dia
"nóis" nem pode se "alembrá"
Veio os "home" com as ferramenta
E o dono "mandô derrubá"
Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
"Apreciá" a demolição
Que tristeza que "nóis" sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração
Matogrosso quis gritar
Mas em cima eu falei
Os "home tá cá" razão
"nóis arranja" outro lugar
Só "se conformemo"
Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o "cobertô"
E hoje "nós pega" a paia
Nas grama do jardim
E pra esquecer "nóis cantemos" assim:
("Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa)

Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
(Asa Branca, de Luiz Gonzaga)

Está evidente, nas duas canções acima, que seus autores cometeram erros de propósito, visando a retratar o modo de falar do paulistano da Mooca e do sertanejo nordestino. Adoniran Barbosa e Luiz Gonzaga fizeram bom uso da Língua Portuguesa.

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