SERTÃO EM FESTA!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


No último dia 19, caiu sobre Jardim a primeira chuva de 2012. Foi um verdadeiro bálsamo para dias tão quentes. Já não víamos a hora de ver o céu nublado e sentir o aroma de terra molhada. Nós, sertanejos da gema, sabemos como ninguém dar o devido valor à água caída das nuvens.

Como são gostosos os dias de inverno (assim chamamos o período das chuvas). Afora o medo que alguns sentem de ventos fortes, raios e trovões, dá gosto de ver o sertão pujante de vida, renascido tal qual uma fênix. A jurema, antes completamente ressequida, recupera a folhagem, tingindo de um fulgurante verde a caatinga, misturada a ipês roxos, cardeiros, juazeiros.

A fauna sertaneja regozija. Os pássaros trinam, como se anunciassem a boa nova aos demais bichos. Bovinos e caprinos, finalmente, terão água e alimento fartos, para o alívio dos criadores, que não mais despenderão os parcos recursos com rações industrializadas.

Os açudes e barragens sangram, como se fossem artérias cortadas, pelas quais o sangue se esvai, derramando o precioso líquido. O espetáculo é de encher os olhos, tanto pela beleza dos sangradouros quanto pelas lágrimas da mais pura alegria. Banhar-se nos reservatórios cheios é diversão que não se pode perder.  

Nessa época, dá mais gosto morar neste sertão sofrido, historicamente castigado pela natureza e por alguns políticos inescrupulosos. Gosto de dizer que Euclides da Cunha estava coberto de razão quando nos qualificou de fortes. Somos resistentes a toda sorte de problemas e, apesar dos avanços da modernidade, ainda não perdemos o hábito de, a cada noite estrelada, emocionarmo-nos contemplando o cenário tão bem decantado por Catulo da Paixão Cearense:

Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

Oh que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando, folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade, do luar lá do sertão!
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata, prateando a solidão
E a gente pega na viola e ponteia
E a canção e a lua cheia, a nascer no coração

1 comentários:

Anônimo disse...

a chuva está em meu coração. vocês precisam do meio d'água. amigo das correntezas, dos porões de açude, amigo, mesmo. as enchentes são meus quadros.
camim ventania

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