CONTRIBUIÇÃO DO LEITOR

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Eis, abaixo, mais dois pequenos contos de autoria do(a) leitor(a) “Patricinha”:

        
O CHEFE ARTILHEIRO

“Rapaz, Zé Alves, você não está achando Agaciel muito abatido, não?”, comenta o atacante Waldeck com o zagueiro do time adversário. “Moço, ele está meio acabrunhado, mesmo”, desabafa o zagueirão Zé Alves. “Cara, vamos levantar o moral do chefe. É o seguinte: você faz uma falta em mim, aqui na pequena área; quando o juiz marcar o pênalti, eu imploro para o nosso chefe cobrar. Você avisa ao goleiro do seu time que, se ele pegar o pênalti batido pelo doutor, eu mato ele”. “Puta que pariu, Zé Alves, precisava me aleijar para o juiz marcar o pênalti, cara?”, esbravejou Waldeck, quando saía do campo de padiola. “Olha ali, o chefe rindo na marca do pênalti. Deu certo, Waldeck”. “Capricha, doutor” murmurou o goleirão encarregado de “defender” o pênalti. Goleiro de um lado, bola no fundo das redes, do outro. Todo mundo comemorou o golaço, até o time “adversário”, menos Waldeck, que se encontrava na ambulância a caminho do Hospital, onde mais tarde daria entrada na ala dos politraumatizados.

        
O BREU

Sítio Poço da Cruz. As nuvens junto ao chão e o vento açoitando a chuva eram o dínamo que gerava uma densa neblina. Nas furnas dos lajeiros cercados por cardeiros, coroas de frade, troncos de juremas mortas e garranchos espinhosos, as feras observavam, de seus esconderijos, o dia se despedir sombrio, sem réstias do sol e sem o céu colorido da boquinha da noite. Aquela noite também não contaria com as luzes vindas das máquinas de Deus, o baile dos astros foi cancelado no Poço da Cruz. A noite ficou refém do breu e da chuva tangida por uma cruviana gélida. As pessoas não se atreveram a sair de suas redes de dormir, mesmo escutando o alvoroço atípico nos puleiros das galinhas. Quando o quebrar da barra espantou o manto negro, Bezinha de Chiquim de Zé Menino percebeu que, naquela manhã, não jogaria milho no terreiro e não teria galinha na panela. Já nas furnas, as feras fartas. 

1 comentários:

Aécio disse...

Vida longa à "Patricinha".... essas mini crônicas revelam muita criatividade e intimidade com figuras marcantes de Jardim, além de uma habilidade ímpar com o jogo de palavras.

Parabéns

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