Numa postagem publicada ontem, chamei a atenção para a falta de concordância verbal quando o sujeito está depois do verbo e este vem acompanhado da partícula apassivadora se. Esse equívoco, porém, também se verifica quando essa partícula não é empregada. Veja os trechos abaixo, extraídos de músicas da banda Garota Safada:
Eu era refém do seu corpo
Você, do meu beijo
Se sobrou ciúmes,
Se faltou desejo
Agora é passado, recordar pra quê?
("A mais Linda das Lindas")
Vou dizer que valeu seus beijos
Vou dizer que valeu seus abraços
Não posso negar se um dia acabar
Vou dizer que valeu, pra você e eu
("Vou Dizer que Valeu")
Perceba que, nas frases em que o verbo está destacado, o sujeito aparece após a forma verbal. Por esse motivo é que muitos se enganam e não fazem a concordância correta. Se o sujeito estivesse no início da oração, o que normalmente ocorre, dificilmente a banda Garota Safada teria cometido tais erros.
Portanto, os versos acima destacados deveriam estar escritos da seguinte forma:
Se sobraram ciúmes
Vou dizer que valeram seus beijos
Vou dizer que valeram seus abraços
2 comentários:
Composiçõs artísticas não seguem regra de concordância.
Imaginem se Tom Jobim cantesse gramaticamente correta a música Eu Sei Que Vou Te Amar.
A música ficaria assim: eu sei que vou amar-te. Por toda a minha vida eu sei que vou amar-te.
Quando da pronúncia, ficaria parecendo que ele estava de partida para outro planeta.
A banda de nome vulgar não cometeu erro.
Desculpe-me, mas tenho de discordar de você, anônimo. Não confunda "licença poética" com "erros gramaticais". E, no exemplo mencionado por você, o verso não está errado. Há várias construções possíveis para ele: eu sei que te vou amar, eu sei que vou-te amar, eu sei que vou te amar (forma coloquial, que não agride a Gramática). Mas agradeço muito pelo comentário.
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