sexta-feira, 13 de maio de 2011

CASTRO ALVES, O "POETA DOS ESCRAVOS"

Neste 13 de maio, quando se relembra o dia em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que colocou numa falsa liberdade milhares de escravos, presto minha homenagem a todos os irmãos negros. Infelizmente, passados tantos anos, estes ainda sofrem com o preconceito velado, que lhes tira os melhores empregos, inspira piadas de péssimo gosto, torna-os praticamente invisíveis no cinema e na propaganda. 
Hoje, ninguém melhor do que Castro Alves, o grande poeta baiano, para gritar por mais justiça e dignidade. Foi o que ele fez no texto abaixo transcrito, extraído do poema "Navio Negreiro":



Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!  

Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

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