Na última enquete realizada
por este modesto blog, pouco mais de 40% dos que dela participaram manifestou o
desejo de assistir a uma campanha política, digamos, mais “animada”. Utilizando
a expressão da moda, causou-me espécie o grande número de leitores que apreciam
fogos de artifício, carros de som e eventos políticos.
Ainda que muitos discordem,
a legislação eleitoral vem, ao longo dos anos, sendo aperfeiçoada, visando a
tornar a disputa eleitoral mais racional. A proibição dos showmícios, por
exemplo, teve por objetivo afastar das manifestações o caráter eminentemente
festivo. Os eventos, pois, reuniriam eleitores interessados apenas em ouvir as
propostas dos candidatos. Não seriam mais atraídos, aos milhares, pela banda de
forró preferida no momento. A medida, até agora, mostrou-se inócua.
A falta de uma atração
musical, a proibição de se detonarem fogos de artifício, a não realização de
eventos todos os dias da semana, a limitação dos decibéis produzidos pelos
carros de som, nada disso alterou, significativamente, o comportamento da grande
maioria do eleitorado local, que continua se comportando como há vinte, trinta
anos. Política, nesta querida terra, ainda não deixou de ser sinônimo de festa,
barulho, paixão exacerbada. O pleito deste ano, aqui em Jardim, mantém a
tradição da disputa cega e apaixonada, em que todas as armas são lícitas, desde
que se conduza o candidato preferido à vitória.
Todos conhecem o ditado de que
o amor cega. Os assessores políticos, que de bobos nada têm, investem nessa
máxima, promovendo eventos direcionados a fisgar o eleitorado pela emoção. São,
todos eles, mestres na arte de disfarçar a realidade, transformando o candidato
num ser especial, único, imaculado. Vende-se uma imagem, quase sempre, bastante
dissociada da realidade. E o eleitor, já em êxtase, completamente tomado pela
emoção, não mais consegue se dar conta da armadilha em que caiu.
Sei que muitos vão
discordar, mas defendo a total proibição de eventos que só servem para “divertir”
o eleitorado. Só deveriam ser permitidos debates e entrevistas, transmitidos ao
vivo pelos meios de comunicação. Não vejo outro modo de se analisar o preparo
de cada postulante a um cargo no Executivo ou no Legislativo. Comícios,
passeatas e carreatas só servem para fazer barulho, motivar os eleitores mais
engajados (ou seja, quase todos) e demonstrar poderio econômico. Impossível fazer
uma boa escolha com base em buzinas, apitaços e discursos em que muito se fala,
mas pouco se diz.
É preciso nunca esquecer a
importância das escolhas que serão feitas em 7 de outubro. Há muita coisa em
jogo. A alegria da vitória será efêmera. A dor da derrota, também. Em pouco
tempo, todos estarão novamente no mesmo barco, sofrendo as consequências de um
voto influenciado pelo delírio vindo das ruas. Ideal seria que todos se
comportassem como o diretor da empresa que, antes de contratar um funcionário, chama-o
para uma entrevista, em vez de convidá-lo para um churrasco. Aposto que nenhum jardinense,
seja ele amarelo ou azul, colocaria na direção do próprio empreendimento alguém
que não demonstrasse competência para bem administrá-lo.
Aceito críticas. Mas usem o
bom senso, certo?
2 comentários:
o mais triste é não ter um candidato, mesmo que perdesse, de inabalável confiabilidade pra gente votar.
talvez, quem sabe, um dos candidatos a prefeito de jardim de piranhas fará uma excelente administração. mas o quem sabe fica mais talvez, quando agente confere os padrinhos políticos e as companhias dos dois candidatos. não se trata de duvidar da honestidade dos candidatos, e sim de suas reais defesas para não sucubir a banda podre da política - os padrinhos e as companhias, com certeza, cobrarão deles, partidas sujas.
não temos heróis. temos no máximo, indignados e descontentes. quem tem honestidade e capacidade para administrar jardim, também tem medo(não há herói com medo ou com rabo preso) de passar por ridículo ou adoidado, caso resolva se candidatar. daí, os vaidosos, gananciosos e incompetentes seguem fazendo a festa para sua galera e, a desgraça para o futuro do município.
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