JOGOS INESQUECÍVEIS DO CAP

terça-feira, 12 de julho de 2011


MARQUINHOS, O HERÓI DA VIRADA 

DUELO DE TITÃS

DATA: 7 de maio de 2000
CENÁRIO: Estádio Josenildo Cavalcanti, em Jardim de Piranhas/RN
PROTAGONISTAS: CAP e Coríntians, de Caicó/RN


O trajetória do CAP na disputa de seu primeiro campeonato estadual foi um verdadeiro desastre. Nem o mais pessimista dos torcedores tricolores, nem o mais otimista dos torcedores rivais, previra uma campanha tão humilhante. Em 14 jogos, o CAP venceu apenas um: 3 a 0 no freguês São Paulo, de Parnamirim. A equipe terminou o campeonato na última colocação, com apenas 6 pontos ganhos (aproveitamento de míseros 14,2%). Depois de anos seguidos ganhando tudo, o CAP desceu ao fundo do poço, para gáudio dos que torciam contra. O clube precisava, pois, fazer uma boa campanha no Estadual de 2000. Isso para apagar a má imagem que ficou em 1999 e, também, para devolver à torcida o orgulho perdido. 

A preparação até que começou cedo. Já em outubro de 1999, Reinaldo Francisco (campeão do mundo com o Flamengo em 1981) estreou como técnico da equipe. O objetivo, dele e da diretoria, era contratar poucos jogadores experientes e mesclá-los à "prata da casa". Mas alguns resultados não muito bons em jogos amistosos abriram os olhos dos diretores tricolores, que trataram de reforçar a equipe.

Ainda assim, um CAP "mais ou menos" foi o que a torcida viu antes da estreia na competição. Todos apostavam que a trajetória em 2000 seria melhor que a anterior. Mas nada que enchesse os olhos da torcida. O início, porém, não poderia ter sido pior: três derrotas consecutivas, incluindo aí uma em casa para a fraquíssima Pauferrense e uma goleada para o rival Coríntians, em Caicó. Reinaldo foi demitido e, em seu lugar, assumiu o religioso Eloy Simplício, até então o preparador físico da equipe.

Nas mãos de Eloy o CAP se transformou. Nos cinco jogos seguintes, foram três vitórias, um empate com o América e apenas uma derrota, que custou a classificação para a fase seguinte. A essa altura, o desgaste de Eloy já se fazia sentir entre os jogadores. Poucos o respeitavam. A situação ficou insustentável para ele após o CAP estrear no 2º turno com uma derrota para o Baraúnas, em Mossoró. Eloy pediu demissão e a diretoria saiu à procura de um novo treinador.

A semana do clássico contra o Coríntians foi decisiva para a "virada" do CAP. Baltazar Germano foi contratado, passou apenas dois dias em Jardim e foi embora, sem dar maiores explicações. Dirigentes do CAP chegaram a acusar uma interferência do deputado Álvaro Dias na decisão tomada por Baltazar. Isso porque Álvaro, sendo o maior patrocinador do clube caicoense e adversário político da família Maia, teria usado seu prestígio para tirar Baltazar do CAP e levá-lo para o Galo do Seridó (o que acabou não se confirmando).

O CAP, às pressas, contratou o experiente Zé do Carmo, pernambucano, que chegou vestir a camisa do Vasco e da Seleção Brasileira. Ele chegou a Jardim na véspera do clássico, tendo de assumir um CAP em crise e de enfrentar um adversário, no papel, muito mais poderoso, fora e dentro de campo.

Chegou o dia. O estádio do CAP nunca fora tão pequeno. A torcida caicoense veio em peso. Tanto que ocupou parte do espaço destinado aos torcedores tricolores. O Coríntians começou arrasador: marcou o primeiro aos 7min e o segundo, aos 11. O CAP descontou aos 24min, com Quinho, que cobrou com perfeição uma falta sofrida por Marquinhos. A torcida ainda comemorava quando o Galo fez o terceiro e quase marcou o quarto aos 45. Felizmente, a bola bateu na trave.

No intervalo, alguns torcedores começaram a deixar o estádio, temendo o pior. Mas o que se viu no segundo tempo foi um show de Marquinhos. Logo aos 59 segundos, o habilidoso atacante sofreu um pênalti, que Zé Ivaldo converteu, diminuindo para 3 a 2. A partir daí, só deu Marquinhos: meteu uma bola na trave aos 17min, empatou aos 18, perdeu um gol feito aos 34 e virou o placar aos 38. A torcida corintiana não acreditava no que via. Nem a do CAP. Alguns torcedores tricolores chegaram às lágrimas, tamanha foi a emoção. O time, que jogou com Maisena, Veltinho, Edvaldo, Romildo e Quinho; Son, Rogério Souza (Flávio Dantas, depois Jackson), Solimar e Manuel; Marquinhos (Pádua) e Zé Ivaldo, enfim, caiu nas graças da torcida.

A partir daí a equipe engrenou. Venceu o todo poderoso ABC, o bicho-papão São Gonçalo e o combalido América. Chegou, inclusive, a liderar o quadrangular decisivo do 2º turno, com grandes chances de vencê-lo. Acabou o campeonato em 4º lugar. Uma campanha memorável, para apagar a má impressão deixada em 1999 e para inscrever, definitivamente, o nome do Clube Atlético Piranhas na História do futebol norte-riograndense.

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