PROFESSOR NÃO É COITADO

Quando se escreve sobre o professor, geralmente, pinta-se um profissional desencantado, humilhado, desesperançado, em face do crônico quadro de abandono de todos, amplamente conhecido. Já se fixou no imaginário popular a figura do “professor coitado”, que vive a resmungar pelos cantos, com a autoestima em frangalhos e a conta bancária, idem. Arrisco-me a remar contra esse tsunami.

Passei grande parte de minha vida sob o teto de escolas públicas: doze anos como aluno e outros doze, como professor. Conheço, pois, todas as agruras vividas pelos mestres. Senti na pele – e no bolso – o completo descaso com que estes são tratados pelos governos, em todos os níveis da Administração Pública. Nesse ponto, solidarizo-me com meus colegas de profissão: basta de tanta hipocrisia, discursos bonitos, tapinhas nas costas e insossas mensagens de apoio e solidariedade. Chega de tanto cinismo e desfaçatez. A classe docente e os cidadãos esclarecidos não mais acreditam em promessas sazonais, feitas a cada nova eleição, que caem no esquecimento tão logo as urnas revelam os vencedores.

Os verdadeiros mestres, no entanto, não podem capitular. O papel que lhes cabe na sociedade, de imensurável importância, obriga-os a que prossigam na luta por dias melhores, tanto para si quanto para seus alunos. Não baixem a cabeça, bravos colegas! Não há do que se envergonhar! O baixo salário que lhes pagam não os torna inferiores a ninguém. Vocês sabem que contam com o apoio e a solidariedade da grande maioria da população brasileira. Não permitam, pois, que a incompetência e a intransigência de alguns administradores públicos façam-nos desconfiar da grande força que possuem.

Meus sinceros parabéns a todos. Desculpem-me pelo atraso com que os felicito. Confesso que o fiz de propósito, a fim de acompanhar o desenrolar dos acontecimentos no dia de ontem. Sem hipocrisia alguma, costumo dizer que saí da sala de aula, mas esta nunca sairá de mim.