O QUE FALTOU INCLUIR NOS PROGRAMAS DE GOVERNO

terça-feira, 24 de julho de 2012



Li atentamente os dois programas de governo apresentados pelos candidatos. Vi, em ambos, excelentes projetos e ações que, espero, o eleito ponha em prática a partir de janeiro de 2013. Como não são idênticos, é óbvio que um leva vantagem sobre o outro, na opinião deste modesto escriba. Mas não é disso que vou tratar nesta postagem.

Chamou-me a atenção um ponto que foi completamente ignorado por ambos os programas: a necessidade de uma reforma administrativa. Presumo que, por se tratar de uma medida capaz de afugentar votos, os candidatos tenham preferido não tocar no assunto. Assim o espero, pois, se eu estiver enganado, a próxima administração dificilmente colocará em prática as propostas divulgadas.

Durante o governo Lula, apesar do Mensalão e de outros escândalos, é inegável que o Brasil cresceu e a vida das pessoas melhorou. As prefeituras nordestinas foram, até o ano de 2008, inundadas por recursos federais. Sobrou dinheiro para calçar ruas, instalar PSFs, comprar ônibus escolares, investir no turismo. O Fundo de Participação dos Municípios aumentava mês a mês. Os gestores que aproveitaram o bom momento na economia transformaram radicalmente os municípios que governavam. Um exemplo claro disso é a vizinha Serra Negra do Norte.

Entretanto, a partir de 2008, após o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, os recursos começaram a minguar. O Brasil sentiu os efeitos da crise e as prefeituras, idem. Já não havia dinheiro suficiente para pagar as despesas e continuar com o ritmo de obras de anos anteriores. Pior para os governos que incharam a máquina pública com a criação de secretarias e dezenas de cargos comissionados. Jardim de Piranhas se encaixa nesse perfil.

Uma burocracia estatal eficiente, que consiga atender bem os cidadãos que dela dependem, caracteriza-se pela profissionalização de seus agentes. Nos países desenvolvidos, o número de cargos comissionados é reduzidíssimo. Funções de chefia e direção são ocupadas por servidores efetivos, de carreira, escolhidos segundo o mérito de cada um. Isso favorece a continuidade dos serviços públicos, mesmo quando se troca o governante.

Aqui em Jardim, há quase duas décadas, os governos vêm, sistematicamente, aumentando a quantidade de cargos de confiança. Existem secretarias que, se não existissem, ninguém sentiria a menor falta. Foram criadas apenas visando a satisfazer o maior número possível de eleitores. Não é de hoje, afinal, que muitos se matam por uma boquinha na viúva.

Essa situação não pode mais perdurar. Quem acompanha o noticiário econômico tomou conhecimento de que algumas prefeituras seridoenses tiveram uma parcela do FPM zerada. O PIB brasileiro deve crescer muito aquém das expectativas neste ano, o que, certamente, traduzir-se-á em menor arrecadação de impostos e maior dificuldade em obter liberação de verbas federais. Com pouco dinheiro em caixa, só haverá uma saída: cortar custos. E é justamente aqui que entra a necessidade de uma reforma administrativa.

O próximo prefeito não poderá fugir dessa responsabilidade. Se quiser escrever seu nome na História como um gestor de visão e preocupado com as futuras gerações de jardinenses, deverá corrigir essa visível distorção. É preciso diminuir o número de secretarias, extinguir dezenas de cargos comissionados e ocupar pelo menos a metade dos que restarem com servidores efetivos, que não abandonam o barco quando o timoneiro passa o leme adiante. Espero, repito, que ambos os candidatos estejam conscientes da extrema importância dessa reforma e que só não a explicitaram em seus programas de governo por temor às reações contrárias. Oxalá!

5 comentários:

Marciel Dutra disse...

Amigo Alcimar Bom dia. Outro ponto muito importante que eles não falaram foi com relação à Assistência Social, já que em jardim existem centenas de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social e necessitam de politicas publicas para garantir este direito constitucional. Quando falo de assistência social, não confundir com assistencialismo fajuto que só beneficia alguns apadrinhados politico, mas sim, de uma estratégia que venha a assistir a TODOS que estão em situação de pobreza ou extrema pobreza.
um forte abraço.
Marciel Dutra

Anônimo disse...

agenda da coligação GANGUE DA VIÚVA

- de manhã - contratação de comedores de cordas venais, para falar mal, caluniar e desconstruir a coligação rival.
- a tarde - reunião com a comissão de incentivos financeiros a festas "particulares" e "solenidades", cujo o principal objetivo é, o candidato "aparecer de supresa" para fazer corpo a corpo e tirar fotos para serem divulgadas nos blogs jabazeiros.
- a noite - comício com discursos demagógicos e enaltecimento forçado do candidato a prefeito.
- de madrugada - o sono dos injustos.

. disse...

Obrigado pelo comentário, Marciel. Concordo plenamente com você. Ainda há, a meu ver, outros pontos que não foram contemplados nos programas de governo de ambos os candidatos. Nos próximos dias, comentarei cada um deles. Um grande abraço.

Anônimo disse...

alcimar e os planos não são flexíveis, abertos a modificações, segundo eles mesmos dizem? então sendo assim eles podem acrescentar o que falta, mesmo que isso não seja colocado nos planos que estão registrados.
Tou certa ou tou errada?

ALCIMAR disse...

Está certa, cara anônima. Minha intenção, ao mencionar itens que poderiam constar dos programas de governo dos candidatos, é de apenas dar minha modesta contribuição ao aperfeiçoamento das metas de governo de ambos. Deixei bem claro na postagem que a falta de menção à reforma administrativa pode haver sido ocasionada por esquecimento ou por pura estratégia eleitoral. Obrigado pelo comentário e um abraço.

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