Li atentamente os dois
programas de governo apresentados pelos candidatos. Vi, em ambos, excelentes
projetos e ações que, espero, o eleito ponha em prática a partir de janeiro de
2013. Como não são idênticos, é óbvio que um leva vantagem sobre o outro, na
opinião deste modesto escriba. Mas não é disso que vou tratar nesta postagem.
Chamou-me a atenção um
ponto que foi completamente ignorado por ambos os programas: a necessidade de
uma reforma administrativa. Presumo que, por se tratar de uma medida capaz de
afugentar votos, os candidatos tenham preferido não tocar no assunto. Assim o
espero, pois, se eu estiver enganado, a próxima administração dificilmente
colocará em prática as propostas divulgadas.
Durante o governo Lula, apesar
do Mensalão e de outros escândalos, é inegável que o Brasil cresceu e a vida
das pessoas melhorou. As prefeituras nordestinas foram, até o ano de 2008,
inundadas por recursos federais. Sobrou dinheiro para calçar ruas, instalar
PSFs, comprar ônibus escolares, investir no turismo. O Fundo de Participação
dos Municípios aumentava mês a mês. Os gestores que aproveitaram o bom momento
na economia transformaram radicalmente os municípios que governavam. Um exemplo
claro disso é a vizinha Serra Negra do Norte.
Entretanto, a partir de
2008, após o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, os recursos
começaram a minguar. O Brasil sentiu os efeitos da crise e as prefeituras,
idem. Já não havia dinheiro suficiente para pagar as despesas e continuar com o
ritmo de obras de anos anteriores. Pior para os governos que incharam a máquina
pública com a criação de secretarias e dezenas de cargos comissionados. Jardim
de Piranhas se encaixa nesse perfil.
Uma burocracia estatal
eficiente, que consiga atender bem os cidadãos que dela dependem,
caracteriza-se pela profissionalização de seus agentes. Nos países
desenvolvidos, o número de cargos comissionados é reduzidíssimo. Funções de
chefia e direção são ocupadas por servidores efetivos, de carreira, escolhidos
segundo o mérito de cada um. Isso favorece a continuidade dos serviços
públicos, mesmo quando se troca o governante.
Aqui em Jardim, há quase
duas décadas, os governos vêm, sistematicamente, aumentando a quantidade de
cargos de confiança. Existem secretarias que, se não existissem, ninguém
sentiria a menor falta. Foram criadas apenas visando a satisfazer o maior
número possível de eleitores. Não é de hoje, afinal, que muitos se matam por uma
boquinha na viúva.
Essa situação não pode mais
perdurar. Quem acompanha o noticiário econômico tomou conhecimento de que algumas
prefeituras seridoenses tiveram uma parcela do FPM zerada. O PIB brasileiro
deve crescer muito aquém das expectativas neste ano, o que, certamente,
traduzir-se-á em menor arrecadação de impostos e maior dificuldade em obter
liberação de verbas federais. Com pouco dinheiro em caixa, só haverá uma saída:
cortar custos. E é justamente aqui que entra a necessidade de uma reforma
administrativa.
O próximo prefeito não
poderá fugir dessa responsabilidade. Se quiser escrever seu nome na História
como um gestor de visão e preocupado com as futuras gerações de jardinenses,
deverá corrigir essa visível distorção. É preciso diminuir o número de
secretarias, extinguir dezenas de cargos comissionados e ocupar pelo menos a
metade dos que restarem com servidores efetivos, que não abandonam o barco
quando o timoneiro passa o leme adiante. Espero, repito, que ambos os
candidatos estejam conscientes da extrema importância dessa reforma e que só
não a explicitaram em seus programas de governo por temor às reações contrárias.
Oxalá!
5 comentários:
Amigo Alcimar Bom dia. Outro ponto muito importante que eles não falaram foi com relação à Assistência Social, já que em jardim existem centenas de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social e necessitam de politicas publicas para garantir este direito constitucional. Quando falo de assistência social, não confundir com assistencialismo fajuto que só beneficia alguns apadrinhados politico, mas sim, de uma estratégia que venha a assistir a TODOS que estão em situação de pobreza ou extrema pobreza.
um forte abraço.
Marciel Dutra
agenda da coligação GANGUE DA VIÚVA
- de manhã - contratação de comedores de cordas venais, para falar mal, caluniar e desconstruir a coligação rival.
- a tarde - reunião com a comissão de incentivos financeiros a festas "particulares" e "solenidades", cujo o principal objetivo é, o candidato "aparecer de supresa" para fazer corpo a corpo e tirar fotos para serem divulgadas nos blogs jabazeiros.
- a noite - comício com discursos demagógicos e enaltecimento forçado do candidato a prefeito.
- de madrugada - o sono dos injustos.
Obrigado pelo comentário, Marciel. Concordo plenamente com você. Ainda há, a meu ver, outros pontos que não foram contemplados nos programas de governo de ambos os candidatos. Nos próximos dias, comentarei cada um deles. Um grande abraço.
alcimar e os planos não são flexíveis, abertos a modificações, segundo eles mesmos dizem? então sendo assim eles podem acrescentar o que falta, mesmo que isso não seja colocado nos planos que estão registrados.
Tou certa ou tou errada?
Está certa, cara anônima. Minha intenção, ao mencionar itens que poderiam constar dos programas de governo dos candidatos, é de apenas dar minha modesta contribuição ao aperfeiçoamento das metas de governo de ambos. Deixei bem claro na postagem que a falta de menção à reforma administrativa pode haver sido ocasionada por esquecimento ou por pura estratégia eleitoral. Obrigado pelo comentário e um abraço.
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