Renato Ferreira, antes de se tornar um renomado empresário local, notabilizou-se por suas habilidades na arte da serigrafia. De suas competentes mãos saiam faixas, cartazes, paineis, telas e, inclusive, senhas “genéricas”, que permitiam a ele e aos amigos (Erivan de Trajano, Emerson de Sobélia, Zezoca, Ximenes, Val de Elita, os saudosos Bacu e Renato de Chico Padeiro, dentre outros) o acesso gratuito às festas realizadas no Marinheiro ou no Mercado.
Em 1986, os eleitores potiguares assistiam à mais acirrada campanha eleitoral da História. Geraldo Melo, pelo PMDB, e João Faustino, pelo PFL, disputavam, voto a voto, o cargo de Governador do Estado. Aqui em Jardim, todas as lideranças políticas da época faziam parte da aliança JOÃO, LAVÔ E JAJÁ (João Faustino, Lavoisier Maia e José Agripino). O PMDB, que praticamente não existia no município, era comandado pelo saudoso Nen de Tino, sendo este, portanto, o único a apoiar a candidatura vitoriosa do “tamborete” Geraldo Melo em terras jardinenses.
No ardor da campanha, eis que o futuro governador resolve aparecer em Jardim. Coube a Nen de Tino, obviamente, a tarefa de organizar o comício. Para tanto, solicitou a Renato Ferreira que confeccionasse o material necessário à divulgação do grande evento. Este, sabendo das intenções de Nen em ser candidato a prefeito nas eleições de 1988 (o que, de fato, ocorreu), produziu a seguinte faixa:
GERALDO GOVERNADOR NEM PREFEITO
Ao chegar a Jardim, com Geraldo Melo de lado, Nen dá de cara com a faixa, estrategicamente fixada próxima à estamparia de Renato. Imediatamente, vai ao encontro deste, que, ao vê-lo se aproximando, imaginou que receberia os parabéns pelo trabalho feito. Ledo engano. Nen de Tino, furioso, agarrou-o pela gola da camisa e, dando-lhe alguns safanões, mandou-o retirar a faixa imediatamente. Renato, na ânsia de agradar, não percebera que sua “brilhante” faixa informava, em bom português, que Geraldo Melo não seria governador e, muito menos, prefeito.
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