O Blog de Alcimar quis saber de seus
fiéis leitores por que alguns comentários são feitos anonimamente. Eis os
resultados:
RESPOSTA
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VOTOS
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PERCENTUAL
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Por medo de perseguição política
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19
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27,9%
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Por vergonha dos erros gramaticais
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4
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5,9%
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Por não gostar de aparecer
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13
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19,1%
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Para poder atacar outras pessoas
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31
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45,6%
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Por outro motivo
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1
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1,5%
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TOTAIS
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68
|
100%
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Comento.
Uma das maiores conquistas
do cidadão foi o direito à liberdade de expressão. Os brasileiros que viveram o
tenebroso período da Ditadura Militar sentiram na pele, alguns literalmente,
quão pesado é o braço da censura. Críticas ao governo, nos anos de 1960 e 1970,
eram rebatidas mediante os “argumentos” da prisão, da tortura e do exílio. Não
foram poucos os que perderam a vida por terem ousado externar ideias com as
quais não concordavam os governantes da época.
Coube à Constituição
Federal de 1988 devolver ao cidadão o direito à liberdade de expressão. Está
previsto no art. 220, “caput”, e parágrafo 2º, que determinam, textualmente: “A
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer
forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição. (…) É vedada toda e qualquer censura de natureza
política, ideológica e artística”.
Os que nasceram nos últimos
30 anos, portanto, encontraram um país que, apesar de inúmeras mazelas ainda
existentes, não mais se utiliza do aparato estatal para perseguir adversários
políticos ou impedir a divulgação de opiniões contrárias ao governo. Todos são
livres para expor suas ideias e pensamentos, desde que não violem a intimidade,
a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, inciso X, da CF/88).
Com o advento da internet e
a popularização dos blogs e das redes sociais (twitter, orkut e facebook), a
liberdade de se expressar foi alçada a patamares nunca antes vistos.
Atualmente, assiste-se a uma explosão de informações veiculadas por meio da
rede mundial de computadores. Quase que instantaneamente, toma-se conhecimento
do que se passa no mundo e até mesmo no dia a dia de milhões de pessoas.
Esse novo cenário mundial
deve ser visto com bons olhos. O aumento crescente do número de lares
conectados à internet tem contribuído para reduzir desigualdades, incrementar o
nível educacional dos internautas e aproximar as pessoas, criando e
solidificando relações pessoais e profissionais. Para milhões delas, tornou-se
praticamente impossível viver desconectado da rede.
Entretanto, como ocorre em
todas as áreas de atividade humana, a internet possui seu lado negro. Os crimes
cibernéticos, a propagação da pedofilia, o acesso fácil a conteúdos
pornográficos, racistas e preconceituosos resumem o que de pior se encontra ao
alcance de adultos, crianças e adolescentes. Os delinquentes digitais,
confiando no anonimato e na impunidade, sentem-se seguros para cometer os mais diversos crimes.
Basta estar conectado e não tomar os cuidados necessários para se tornar uma
vítima em potencial.
No tocante à liberdade de
expressão, o mundo virtual deu origem a uma nova espécie: o anônimo acusador.
Não obstante a Carta Maior vede expressamente o anonimato (art. 5º, inciso IV),
blogs e sites têm sido acessados por indivíduos que, incógnitos ou acobertados
por nomes falsos (os chamados “fakes”), expressam todo tipo de opinião sobre
fatos ou pessoas, não raro ultrapassando a tênue linha que separa a crítica da
calúnia, da injúria ou da difamação.
Na enquete cujos resultados
acima se veem, muitos votantes consideraram o anonimato importante para manter
em sigilo quem critica ou opina, deixando-o a salvo de perseguições políticas
ou da censura alheia. Concordo com os leitores que assim se posicionaram. Não
há por que revelar a identidade quando se faz apenas um comentário decente, sem
ofensas ou baixarias. O erro reside naqueles que, segundo 45,6% dos
participantes da enquete, aproveitam-se do anonimato para atingir o caráter ou
a vida pessoal ou profissional de quem cometeu o “grave crime” de pensar
diferente.
Já fui alvo de anônimos acusadores.
Não guardo rancor nem mágoa de nenhum deles. Considero-os como aquelas pessoas
que, no meio da multidão ou no escuro, sentem-se encorajadas a praticar atos
nocivos a outrem. Agem como estudantes do curso noturno que, quando da falta
repentina de energia elétrica, gritam e chutam carteiras, confiantes na
impossibilidade de o professor identificar os baderneiros. Preocupa-me esse
comportamento infantil, que, além de exorbitar o exercício de um direito
fundamental, pode servir de pretexto para alguns dementes defenderem o retorno
da censura.
Meus fiéis leitores sabem
que este modesto blog não se alinha com nenhuma corrente política local nem foi
criado com a intenção de fazer propaganda pessoal deste escrevinhador ou de
qualquer outra pessoa. Pode-se não concordar com minhas ideias. Nada mais
óbvio, pois não sou infalível nem almejo a unanimidade. Ninguém há de negar que
o debate, neste espaço, sempre foi aceito e, inclusive, estimulado. Só peço a
alguns comentaristas de minhas matérias que, em vez de insultos e análises
psicológicas injustas e fantasiosas, lancem mão de argumentos sólidos e
coerentes. Não tentem desqualificar o emissor da mensagem. Combatam fatos com
outros fatos. Porém, caso desejem partir para a ofensa gratuita e
despropositada, ajam com dignidade e se identifiquem. É o mínimo que se espera
de quem se arvora no direito de, publicamente, tentar sujar o nome alheio.
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