FORMAÇÃO DO APOSTOLADO EM 1982
2007
Domingo passado,
completaram-se 80 anos da criação do Apostolado da Oração. A fim de homenagear tão
importante grupo da sociedade jardinense, transcrevo, abaixo, trecho do livro Jardim
de Piranhas: Ontem e Hoje, publicado em 1994:
- O
Apostolado da Oração – Nos anos 30 deste século, a nossa cidade, ainda não
emancipada politicamente, dava os passos iniciais rumo a uma estruturação
social: D. Ilza ensinava das primeiras letras ao 2º ano primário, havia dois ou
três policiais garantindo a segurança, a saúde vinha cavalgando de Caicó,
inexistiam feiras de frutas e verduras, as periódicas festividades eram
realizadas no pavilhão ou em casas familiares, e o maior número da população
morava na zona rural.
Naqueles
tempos difíceis, aqui esteve o Pe. Luís Teixeira de Araújo, vindo à capela, de
Caicó, para cumprir seus deveres como vigário. Desejoso em criar o Apostolado
nesta cidade, encarregou D. Maria Isaura Vale pela tarefa de reunir as pessoas
interessadas. Na residência de João Araújo (posteriormente hotel de D. Emília e
hoje residência da Srª Nair Medeiros), onde Pe. Luís se hospedava, realizou-se
a primeira reunião com as futuras zeladoras. Foram-lhes explicados todos os
detalhes referentes à participação na missa matutina do dia da fundação, e cada
uma delas recebeu o Manual do Coração de Jesus, que lhes ensinava o
comportamento de uma zeladora (proibindo-lhe inclusive participar de festas).
Explicou-se-lhes ainda o traje a ser usado por elas durante a missa: fitas
vermelhas com as insígnias sobrepostas aos vestidos pretos. Embora todas
tivessem comprado as fitas com as insígnias, algumas não tiveram condições
financeiras para confeccionar o vestido.
Chegando
o grande dia, na casa onde se hospedava, o Pe. Luís recebeu as 13 zeladoras:
Maria Isaura Vale, Luíza Araújo, Maria Isaura de Araújo, Regina de Araújo
Freitas, Maria Cruz de Medeiros, Francisca Germano Cavalcante, Maria Isaura de
Oliveira, Francisca Maria da Conceição, Maria Jovita de Araújo, Francisca
Jovita, Maria Chagas de Oliveira, Leopoldina e D. Maroquinha, entregou-lhes as
fitas e só saíram em procissão rumo à igreja após posarem (na grande calçada,
de três degraus, daquela residência) para a fotografia oficial. O Padre Luís
fez questão de apenas fundar o Apostolado quando estivesse presente um
fotógrafo para registrar o acontecimento.
Durante
a cerimônia realizaram-se batizados, a recepção das fitas e a bênção das
primeiras 13 zeladoras do Apostolado. Era 3 de junho de 1932. Doravante, cada
zeladora deveria associar outras quinze, simbolizando (no sentido litúrgico da
época) um mistério do Rosário de Maria.
A
festa do Coração de Jesus realizar-se-ia com novena, missa e procissão na
primeira sexta-feira do mês de junho. Era obrigatório, para as integrantes do
Apostolado, fazer as nove primeiras sextas-feiras mensais com confissão e
comunhão, durante todo o ano. Além disso, nesses dias aconteciam as reuniões e
o pagamento das mensalidades. A maioria das zeladoras vinha a pé da zona rural;
cada uma pagava 500 réis mensais e arrecadava as mensalidades de suas sócias,
que contribuíam com 200 réis cada.
Todas
as treze zeladoras receberam do Pe. Luís um retrato oficial da fundação do
Apostolado; o padre ficou com um para si e colocou outro no primeiro pilar
esquerdo do corredor da igreja. Fez-se um altar para a imagem do Coração de
Jesus e escolheu-se a primeira diretoria: Maria Isaura Vale (presidente e
tesoureira) e Maria Cruz de Medeiros (secretária). O Pe. Luís foi substituído
pelo Pe. Antônio Brilhante, mas ainda hoje é recordado, marotamente, como “um
moreno bonito”.
Somente
foi possível relatar esses fatos devido ao manual (ainda bem conservado) que
pertencia à D. Luíza Araújo, falecida neste ano. D. Maria Isaura é a única
zeladora remanescente daquele grupo inicial que, há sessenta anos, fundou o
apostolado da Oração em Jardim de Piranhas.
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