Alguns meios de comunicação vêm noticiando, com certo estardalhaço, que os candidatos a prefeito, nas eleições deste ano, serão obrigados a apresentar um programa de governo no ato de registro das candidaturas. É o que determina o art. 11, § 1º, inciso IX, da Lei nº 9.504/97.
Essa nova medida, imposta a todos os que se candidatarem a cargos no Executivo (presidente da República, governador ou prefeito), propiciará ao eleitor fazer suas escolhas com base nas propostas apresentadas. Terá ele, segundo os defensores da ideia, oportunidade de comparar os programas, analisar as metas e projetos deles constantes e, desse modo, escolher aquele que melhor conduziria os destinos do país, do estado ou do município.
Respeito a opinião dos que se aliam a esse entendimento. Concordo que a formulação de um programa de governo é obrigação de qualquer um que postule ocupar um cargo na Administração Pública. Mas considero equivocado achar que obrigar os candidatos a apresentá-lo irá, por si só, melhorar o nível das campanhas, principalmente das que são feitas em pequenos e médios municípios brasileiros.
Você, fiel leitor deste modesto blog, acredita que o eleitor jardinense, nas eleições deste ano, irá condicionar seu voto à apresentação do melhor programa de governo? Você consegue imaginar que assistiremos, daqui a alguns meses, a uma disputa baseada apenas em boas ideias, projetos exequíveis, medidas justas e necessárias ao progresso e ao bem-estar de todos?
Se você vislumbra um pleito com esse cenário, felicito-o por ainda guardar dentro de si tamanha esperança. Este escriba, porém, não é tão otimista assim. Muito pelo contrário. Só consigo prever dias conturbados num futuro próximo. Imagino um pleito nos moldes do que ocorreu no ano 2000, em que o poder econômico mostrou ser o único “argumento” capaz de angariar a simpatia do eleitorado.
Mas não pense que faço, aqui, um mero exercício de futurologia barata. Esse meu posicionamento é fruto de situações vividas no passado, quando militava no Partido dos Trabalhadores. No pleito de 1992, participei da elaboração de um programa de governo, que, depois de pronto, foi apresentado a todos os jardinenses. Recordo-me de que muitos o receberam com escárnio e chacota, fazendo pouco de nossa iniciativa, até então inédita na história política deste município.
Minha dedução, pois, é bem simples: se, vinte anos atrás, quando o dinheiro ainda não corria solto nas campanhas eleitorais desta querida terra, um programa de governo foi solenemente ignorado pela grande maioria da população, imagine-se o que irá ocorrer em 2012, em que tudo corre para o embate entre três candidatos cuja maior força, diz-se por aí, reside na capacidade de gastarem rios de dinheiro visando a conquistar a Prefeitura.
Torço muito para que, um dia, meus netos participem de pleitos eleitorais nos quais as ideias dos candidatos sejam mais decisivas que o tamanho da conta bancária. Isso mesmo, você leu direito. Não acho que nada vá mudar a curto ou médio prazo. Serão necessárias duas ou três gerações para que alcancemos, aqui em Jardim e em grande parte do Brasil, a maturidade que hoje se vê no eleitorado dos países escandinavos. Até lá, só resta a nós, a minoria silenciosa e vencida, assistirmos, a cada dois anos, à celebração de uma falsa democracia.
1 comentários:
Os jardinenses não sabem votar, até porque nunca tiveram nenhum, nenhum mesmo, candidato realmente capacitado e comprometido para e com a gestão pública.
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