Recebi, ontem, o seguinte comentário, feito por uma leitora deste modesto blog:
Alcimar gostaria que vc publicasse uma matéria sobre educação no nosso município, sabe-se que a educação é a base para a formação de um cidadão, já estamos em março e meu filho ainda não pode assistir aula por falta de compromisso de algumas autoridades, estou muito preocupada. O Ministério Público pode ajudar a solucionar esse problema ou deve-se esperar a Secretaria de Educação do Município?
Não é difícil imaginar a angústia dos pais que matricularam os filhos da escola Monsenhor Walfredo Gurgel. O primeiro trimestre se aproxima do fim e nada de as aulas se iniciarem. Tenho lido, nos blogs jardinenses, que a demora se deve, uma vez mais, a reformas efetuadas no prédio e à falta de carteiras. Prejuízo maior para os alunos, que se veem privados do que deveria ser considerado tão essencial quanto o ar que respiram.
É inconcebível que isso esteja se repetindo. Não há desculpas para tamanho descaso. Quem trabalhou ou estudou no velho Ginásio nos últimos vinte anos acostumou-se a enfrentar o adiamento das aulas no início de cada período letivo. Raras foram as vezes em que o calendário escolar foi cumprido. O que deveria ser exceção passou a ser a regra, como se atrasos fossem a coisa mais natural do mundo.
Há de se questionar o porquê de as reformas só serem iniciadas quando as aulas estão prestes a começar. Também não se compreende por que só se descobre a falta de carteiras nessa época. O que impede a Administração Municipal de verificar e corrigir tais problemas tão logo acabe o ano letivo? Por que será tão difícil preparar as escolas nos meses de janeiro e fevereiro?
Estudei cinco anos e trabalhei outros doze no querido Ginásio. Durante esse tempo, senti na pele o quanto aquela escola era abandonada pelo poder público. Nenhum governo que conheci se preocupou de verdade em torná-la um lugar melhor para professores, alunos e funcionários. Sempre fomos tratados com descaso. Na condição de aluno, penei com banheiros sujos, água sem tratamento e salas quentes. Já como professor, vi-me obrigado a me cotizar com outros colegas para comprar água e, diversas vezes, testemunhei a falta de giz e de papel higiênico.
Os problemas historicamente enfrentados pelo Ginásio demonstram, com a mais absoluta clareza, que o setor educacional de Jardim de Piranhas nunca foi priorizado pelos governos municipais. Não é de agora que a maior e mais importante escola jardinense enfrenta esses problemas. A quadra de esportes, inaugurada em 1985, até hoje espera pela cobertura. Os professores precisam fazer greve ou acionar o Poder Judiciário para, só assim, terem seus direitos respeitados. Alguns sofrem perseguição política, o que se traduz na negativa de licenças e promoções previstas em lei.
Esse cenário não pode mais continuar. Chega de tanto cinismo e falácia. Os fatos estão aí para demonstrar o quanto o setor educacional tem sido maltratado por sucessivos governos. Descuidar do cumprimento do calendário escolar é só a ponta do iceberg. Há outros problemas bem mais graves, constatados diariamente por todos aqueles que estão diretamente envolvidos na condução do processo de ensino-aprendizagem. O pior de tudo isso é que, olhando-se para o horizonte, vê-se uma tempestade se aproximando. Não vislumbro, infelizmente, nada que se possa fazer para mudar tempos tão sombrios. Ou há?
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