Grazielle Lames tinha 3 anos. Estava feliz. Pela primeira vez na curta vidinha, via o mar. Biquíni laranja, baldinho na mão e sorriso ingênuo, a menina pisava a areia com prazerosa insegurança. De repente, ops! Uma motocicleta aquática a atropelou. O que matou a garota? Pai, mãe, banhistas, polícia, repórteres não pensaram duas vezes. Foi um jet ski.
Nos dias seguintes, outras tragédias entristeceram praias, lagos, competições. Tinham um denominador comum: o assassino. A máquina que voa na água respondeu pelos estragos. Jornais, rádios, tevês noticiaram os fatos com alarde. O vilão? Ele mesmo — o jet ski.
Grita
Surpresa! A Kawasaki Motores do Brasil Ltda. (KMB) esperneou. E falou grosso. Em carta dirigida aos veículos de comunicação, não deixou por menos. Disse que Jet Ski é substantivo próprio. A empresa foi pioneira na fabricação de um tal personal water craft (PWC). Tradução: veículo aquático pessoal. Forma mais simplificada: moto aquática. Para preservar a reputação da marca, a poderosa japonesa proíbe o uso do nome jet ski.
Esperneio inglório
A Kawasaki se esquece de pormenor pra lá de importante. Jet ski perdeu o pedigree. Tornou-se substantivo comum. O verbete está lá, no dicionário. Entrou no time de gilete, chiclete e bombril. Alguma pessoa pede lâmina de barbear, goma de mascar ou palha de aço? Se o fizer, alguém pensará em Tancredo Neves. O político mineiro costumava repetir: "Não confio em quem emprega corretamente a mesóclise".
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