No último dia 26 de
maio, realizou-se simultaneamente, em 15 cidades brasileiras, a 2ª edição da Marcha
das Vadias. O evento tem por finalidade denunciar os diversos tipos de
violência de que são vítimas as mulheres. É a versão nacional do movimento
mundial chamado “Slut Walk”, iniciado em abril de 2011, após um policial
canadense afirmar que as mulheres não deveriam se “vestir como vadias” a fim de
prevenir estupros (veja notícia na íntegra em http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/26/marcha-das-vadias-sera-realizada-simultaneamente-em-14-cidades-brasileiras.htm).
Indiscutivelmente,
as mulheres já conquistaram o espaço merecido na sociedade moderna. Ainda que
se notem, em algumas situações, resquícios de um machismo anacrônico, veem-se,
na prática, que o sexo feminino aproxima-se, a passos largos, da sonhada
igualdade. Exemplos disso se avolumam na Política, na Economia, nos Esportes, no
mercado de trabalho. Nada mais merecido e motivo de júbilo (também para os
homens).
Por essas razões,
compreende-se a revolta das mulheres diante da infeliz declaração do policial
canadense. Este, de forma estúpida e medieval, reduziu a condição feminina à de
simples procriadora, como se ainda vivesse mil anos atrás. Culpar a mulher pela
violência sexual por ela sofrida, acusando-a de expor o corpo e, com isso, despertar
a lascívia de estupradores revela-se um raciocínio débil e, ao mesmo tempo,
perigoso. Principalmente se manifestado por quem deveria zelar pela segurança e
integridade física das vítimas.
No mundo ocidental,
felizmente, a mulher deixou de ser tratada como mero objeto sexual. Ao contrário
do que se vê em alguns países africanos e asiáticos, nos quais a população
feminina tem de se submeter a costumes primitivos (como a extirpação do
clitóris e o uso forçado da burca), a igualdade entre os sexos não mais causa
tanta celeuma ou embates ideológicos. O cenário, obviamente, ainda não é o
ideal. Daí a existência de movimentos como a Marcha das Vadias.
A situação, no
Brasil, não difere do cenário acima descrito. A eleição de Dilma Roussef para a
Presidência da República é o indício mais claro de que a mulher nunca fora tão
respeitada em solo nacional. Antes disso, a entrada em vigor da Lei Maria da
Penha sinalizou, de modo claro, o quão é (e sempre fora) odiosa e inaceitável a
violência doméstica. Ainda que uma legislação, por si só, não resolva o
problema em sua totalidade, ao menos serviu para diminuir a impunidade dos
agressores.
Há de se lamentar,
apenas, que, em alguns gêneros musicais, a mulher ainda seja tratada como um
mero pedaço de carne. Você, caro leitor, deve-se lembrar de vários sucessos
populares recheados de adjetivos como cachorra,
piriguete, cadela, vagabunda, rapariga, safada e outros que prefiro não citar. Antes que me acusem de
preconceito musical, compreendo que gostar de uma música não implica,
necessariamente, concordar com o que se diz nela. Mas acho que nenhum homem, em
sã consciência, ofereceria uma composição desse estilo à mãe, à esposa ou à
filha.
Respeitar a mulher
não é uma obrigação ou um dever. É um ato natural, que nos torna humanos, civilizados,
racionais. Prezar pela condição feminina é garantir o futuro, como se vê nos
versos de Geraldo Azevedo (“Mulher”):
Eu sou assim
Sou o grito que reclama a paz
Eu sou a chama da transformação
Sorriso meu, meus ais
Grande emoção
Que privilégio poder trazer
No ventre a luz capaz de eternizar
Em nós sonho de criança
Tua herança
3 comentários:
alcimar, nós sabemos que você é um cara comportado, mas, essas combinação de marrom e preto das páginas do blog, não é excesso de sisudez,não?
alcimar, seu blog lhe deu um certo prestígio e visibilidade. assim é natural que você seja paparicado por gente que não lhe dava a mínima. comprado por mimos, você fica sem jeito de postar comentários que possam magoar seus novos anfitriões. cuidado para não cair da moda, sem ter sacudido essa mesmice empoçada que acorrenta a classe povinho de Jardim.
"(...) você fica sem jeito de postar comentários que possam magoar seus novos anfitriões (...)." Reservo-me ao direito de só postar comentários que promovam um debate sério e civilizado, sem descambar para a ofensa gratuita ou para fomentar discussões inúteis.
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