A capacidade de se comunicar de variadas
formas é o que diferencia o ser humano das outras espécimes viventes sobre a
Terra. As várias linguagens possíveis aproximam os homens, estreitando laços de
amizade, facilitando transações comerciais e produzindo obras de arte.
Palavras, gestos, sons, sinais, símbolos, tudo serve para transmissão de
mensagens, seja esta um simples “oi” ou uma tese de doutorado.
Através dos tempos, essa vontade de
interagir com outrem compeliu o homem a criar mecanismos que facilitassem o
contato. A partir das inscrições rupestres, passando pela criação da escrita,
da imprensa, do telefone, do rádio, da televisão e, por último, da internet, as
distâncias, paulatinamente, ficaram cada vez menores. Cartas que, há poucas
décadas, demoravam semanas para chegar ao destinatário cederam lugar a e-mails,
recebidos instantaneamente pela massa crescente de internautas. Nestes
primeiros anos do século XXI, não participar de alguma rede social beira o
anacronismo.
Os saudosistas irão me desculpar, mas, nessa
área, impossível não reconhecer os áureos tempos atuais. Ainda que grande parte
da população global não tenha acesso à internet, são inegáveis os benefícios
advindos da era digital. Praticamente quase todos os campos de interesse do
homem foram revolucionados. No mundo virtual, cujos habitantes crescem em
progressão geométrica, frequentar uma universidade, efetuar transações
comerciais e bancárias, conhecer novos lugares, conversar com pessoas de outros
países e até iniciar um relacionamento amoroso pode ser feito no conforto do
lar. Os ganhos advindos de tanta comodidade são incomensuráveis. De se
lamentar, apenas, que uma minoria ainda não saiba desfrutar desse presente que
lhe foi generosamente oferecido.
Os crimes cibernéticos, o avanço da
pedofilia, a divulgação de ideias preconceituosas, a propagação do nazismo, o
bullying nas redes sociais, dentre outros malefícios, fazem com que se
conjeture a imposição de mecanismos destinados a controlar o mundo virtual. Sem
entrar no mérito dessa intromissão na liberdade das pessoas, defendo que a
resolução de todos esses problemas pode ser obtida por meio da aplicação de
algo inerente a todo ser humano: o bom senso.
Tome-se, por exemplo, o Facebook. Se bem
utilizado, constitui-se numa poderosa e eficiente ferramenta a serviço de quem
se conecta a essa rede social. Do contrário, transforma-se num campo fértil
para a disseminação de ideias toscas, insultos gratuitos, imagens asquerosas,
embates infantis. Este lado negro do Face, para desgosto de muitos, é o que tem
prevalecido neste período de campanha eleitoral. Os ataques partem de todos os
lados e o revide, não raro, mostra-se desproporcional à ofensa recebida.
Intolerância e fanatismo têm sido a regra. A civilidade e o perdão viraram
características de fracos e perdedores. A moda, agora, é ostentar a cor dita
vitoriosa, condição essencial para alcançar a almejada felicidade. Tolos são
todos os outros que não empunharem o mesmo estandarte. Agem como cruzados na
luta contra os mouros pela posse da Cidade Santa.
Nesse cenário, temo pelo que ainda está por
vir até o encerramento do pleito. Sorte se as agressões ficarem apenas no plano
virtual. A situação desperta saudade de tempos remotos, em que as altercações
causadas pela paixão política eram testemunhas por poucos, nas vias públicas.
No Facebook, que virou uma espécie de “esquina” digital, basta acessar a página
para assistir a lamentáveis trocas de “gentilezas”. Os termos empregados,
muitos deles impublicáveis, chegam facilmente às crianças e adolescentes
conectados à rede, sob o olhar preocupado de pais e responsáveis, que nadam
podem fazer em defesa dos seus.
Não sou puritano. Muito menos hipócrita.
Como todo apreciador de futebol, já xinguei árbitros e jogadores em estádios e
defronte da televisão. No entanto, jamais aprovarei o comportamento de adultos
que falam palavrões na presença de menores de idade. Quem se utiliza de
linguagem chula, em vez de usar bons argumentos, não deveria participar de
debates públicos. Ninguém é obrigado a, todo instante, testemunhar discussões
típicas de bordéis (com todo o respeito às meretrizes). Quem não curte nem
compartilha educação e respeito não é merecedor de nossa atenção. #FICAADICA!
2 comentários:
quer dizer que os integrantes da associação dos línguas compridas de jardim, terão que inaugurar blogs. será que Língua De Vaca Ao Molho Moído topará? Boca Cascavilina sabe bulir na internet? Mas Menino terá olerite para comprar um computador carnê?
TEM QUE TER UM ESMERIU PARA LIMPAR A LINGUA.
Postar um comentário