CONTRIBUIÇÃO DO LEITOR

terça-feira, 17 de abril de 2012


TIVE INFÂNCIA DE VAQUEIRO E FIZ ABOIO REBOADO!...
                                                                JAIR ELOI DE SOUZA(*)

No tempo de badaneco tive sonho de vaqueiro,
Vi na faina sertaneja tirar bezerro entalado,
O lamaçal do esterco, a ordenha em banzeiro,
Vaca parida, inquieta, chifrar cavalo selado.

Lembro o rincho apelativo do cavalo trancelim,
Velho, cego de um olho pelo espinho da favela,
Que perdera suas forças em fome de ano ruim,
Chora em banzo,  não lhe puseram mais  sela.

Convém lembrar bravura que perdera sua cria,
Urra toda madrugada, chora de banzo e langor,
Do cachorro chororó, a lembrança ainda é viva,
De Jandaia atolada, que morrera no manhoso.

Lembro não posso esquecer o leite de guaraína,
Do boi mandingueiro, bebendo no choradouro,
Seu rastro pela vereda, quando sutil desanima,
Sacrifica o vaqueiro, em levá-lo ao matadouro.

De pretinha, não esqueço a pecha da lealdade,
Seu palco tem copiar, fica na Chã da Graúna,
Brigou, amou, fez miséria, doou sua mocidade,
Rosna e sonha, pensa nas suas eras de antanho.

Do meu cavalo feitiço, pampo em marmeleiro,
Da faixa encarnada, feita em papel crepom,
Da lança triangular, sua ponta era certeira,
Adereços coloridos, argolinha, em bom tom.

Choradouro na caatinga, nasce na grota sutil,
Lamberagem de inverno, refrigera a criação,
Chuvisco coado ou neblina, não enche cantil, 
Estrela voando no céu, não passa de zelação.

(*) Professor do Curso de Direito da UFRN.

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