CENAS DE UM SAUDOSO JARDIM

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

QUADRA DA RUA VELHA

13 comentários:

Anônimo disse...

Venham nuvens
filhas do beijo do sol no mar
Para o luzir luzir nos torreames
Para o canto elétrico dos trovões
Para o toque xilofonista da chuva no telhado
Para a dança da correnteza nos riachos
Para a ignição da vida

Doido Oto

Anônimo disse...

Nunca fui a lugares na moda
a futilidade não me quer
Nunca fui rico
o oportunismo brigou comigo
Nunca fui lindo
minha genética e subalimentada
Nunca fui inteligente
meu raciocínio é trancafiado
Nunca fui santo
a bem-aventurança não me dá nem notícias

Doido Oto

Anônimo disse...

Não quero o vômito dos urubus
tampouco as frutas maduras nas árvores
Não quero uma mulher feia batendo numa lata
tampouco a sensualidade da beldade
Não quero morar no pior barraco da favela
tampouco nos palácios
Não quero a esmola do mendigo
tampouco os braços longos dos bancos
Não quero o recanto mais desanimado do coma
tampouco a velocidade da luz

Quero o método de Deus

Doidi Oto

Anônimo disse...

Acordei no cemitério
porque na noite anterior os vivos fugiram de mim
ainda cedo fui ao cabaré
reduto dos mal-amados
sem querer abri as janelas d'alma duma prostituta
num canto triste
seus pais desesperançados clamavam
tire meu bebê desse lupanar

Tomado pelo remorso e sob total desequilíbrio
montei em meu cavalo
cavalguei em direção ao lar
precisava recomeçar
caí algumas vezes do mal montado corcel

Resfolegavamos à sombra duma oiticica
quando senti uma vontade irrefreável de chorar
de fazer reconsiderações
senti que deus me fitava
seu olhar me mandava limpar minh'alma
limpei
mas
meu corpo no açude

No alpendre breu
espichado numa rede de dormir
me cobri com com macabros pensamentos
fui assombrado
até as assombrações se cansarem
por sorte fui acalentado pelo vento norte

Quando dei por mim
já era outro dia
as tentações já me esperavam com seu tapete vermelho
com suas promessas de prazer

Doido Oto

Anônimo disse...

Até as Juremas
obstinadas moradoras da caatinga esmorecem ante o caráter
do bajulador de poderosos e
desdenhador de humildes
O Esnobe

Até a Pedra
que de morta não tem nada
porque incontáveis átomos dançam em seu corpo
se reprimem ante a angústia
daquele que perdeu todo o dinheiro da feira na cafua
O Jogador

Até a Poeira
a moradora mais errante da estrada fica assombrada
ante a idiotia daquela figura de passeio desequilibrado
O Bêbado

Até o Vento
que costuma dançar com todos na estrada
sai da via
para não tocar
naquele de atitudes e pensamentos irrefreáveis
O Louco

Doido Oto

Anônimo disse...

Senhor Desenganado está perturbado com a morte próxima
tal qual ser jogado no centro de Pequim
sem falar mandarim
Senhor Desenganado se sente trancafiado
para desmanche

Depois de cantar estertores magistralmente
sem nunca ter ensaiado
Senhor Desenganado não escutará dois grande sucessos
dedicados a ele
a agonia dos sinos
e choro de quem sabe ser triste

Doido Oto

Anônimo disse...

cabisbaixo
assistia minhas passadas levantar poeira
enquanto lembranças angustiantes dilaceravam minh'alma
o canto dos passarinhos
tangeu meu olhar ao lume sideral
sua luminosidade me confidenciou que o tempo
finda o conforto
finda o desconforto
mas não finda a alma

Doido Oto

Anônimo disse...

Nunca mais brinquei naquela calçada
Nunca mais lavei meus olhos no azul do céu
Não reparo mais nas estrelas
nem nas outras máquinas de Deus
Eu te amo
não consigo dizer
A arte não me emociona
Me tornei um lajeiro soterrado
pela excessiva preocupação com a opinião alheia

Doido Oto

Anônimo disse...

Não ande com a tristeza
me deixará confuso
Não tenha pena de você
me causará fastio
Não desista de você
por que enterrar a simpatia

Doido Oto

Anônimo disse...

Pô Alcimar, abre espaço para o Doido Oto.

Anônimo disse...

Insensível
tal qual
o lajeiro quente à brisa fresca
Apático
tal qual
o depois do sexo sem romance
Tristonho
tal qual
o desprezo da bem-amada
Assombroso
tal qual
o contraste da pobreza extrema com o luxo
Hipócrita
tal qual
o facínora no púlpito
Maligno
tal qual
a inocência sob o jugo do terror
Mentiroso
tal qual
o argumento da corrupção
Desesperançado
tal qual
o ateu ante a morte
Egoísta
tal qual
o projeto do avarento

Doido Oto

Anônimo disse...

Deus contrói galáxias
parabéns
Deus desenfada a existência

Doido Oto

Anônimo disse...

Pô, incógnito. Tô enchendo a velha quadro de esportes, antes que alguém a transforme num salão de carões.

Doido Oto, tio do gordo de zé maia e do aleijado de maria maia. Primo de zé pavi, espimbada e melado da rural. Amigo de jack malvado, fernando de tirina, joenes e rangel. Doido Oto, o cachorro das cachorras, tem mais, beija bem, toca guitarra e o cabelo ajuda.

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