RESULTADO DA ENQUETE

sexta-feira, 1 de junho de 2012



O Blog de Alcimar quis saber de seus fiéis leitores por que alguns comentários são feitos anonimamente. Eis os resultados:

RESPOSTA
VOTOS
PERCENTUAL
Por medo de perseguição política
19
27,9%
Por vergonha dos erros gramaticais
4
5,9%
Por não gostar de aparecer
13
19,1%
Para poder atacar outras pessoas
31
45,6%
Por outro motivo
1
1,5%
TOTAIS
68
100%

Comento.

Uma das maiores conquistas do cidadão foi o direito à liberdade de expressão. Os brasileiros que viveram o tenebroso período da Ditadura Militar sentiram na pele, alguns literalmente, quão pesado é o braço da censura. Críticas ao governo, nos anos de 1960 e 1970, eram rebatidas mediante os “argumentos” da prisão, da tortura e do exílio. Não foram poucos os que perderam a vida por terem ousado externar ideias com as quais não concordavam os governantes da época.

Coube à Constituição Federal de 1988 devolver ao cidadão o direito à liberdade de expressão. Está previsto no art. 220, “caput”, e parágrafo 2º, que determinam, textualmente: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. (…) É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Os que nasceram nos últimos 30 anos, portanto, encontraram um país que, apesar de inúmeras mazelas ainda existentes, não mais se utiliza do aparato estatal para perseguir adversários políticos ou impedir a divulgação de opiniões contrárias ao governo. Todos são livres para expor suas ideias e pensamentos, desde que não violem a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, inciso X, da CF/88).

Com o advento da internet e a popularização dos blogs e das redes sociais (twitter, orkut e facebook), a liberdade de se expressar foi alçada a patamares nunca antes vistos. Atualmente, assiste-se a uma explosão de informações veiculadas por meio da rede mundial de computadores. Quase que instantaneamente, toma-se conhecimento do que se passa no mundo e até mesmo no dia a dia de milhões de pessoas.

Esse novo cenário mundial deve ser visto com bons olhos. O aumento crescente do número de lares conectados à internet tem contribuído para reduzir desigualdades, incrementar o nível educacional dos internautas e aproximar as pessoas, criando e solidificando relações pessoais e profissionais. Para milhões delas, tornou-se praticamente impossível viver desconectado da rede.

Entretanto, como ocorre em todas as áreas de atividade humana, a internet possui seu lado negro. Os crimes cibernéticos, a propagação da pedofilia, o acesso fácil a conteúdos pornográficos, racistas e preconceituosos resumem o que de pior se encontra ao alcance de adultos, crianças e adolescentes. Os delinquentes digitais, confiando no anonimato e na impunidade, sentem-se  seguros para cometer os mais diversos crimes. Basta estar conectado e não tomar os cuidados necessários para se tornar uma vítima em potencial.

No tocante à liberdade de expressão, o mundo virtual deu origem a uma nova espécie: o anônimo acusador. Não obstante a Carta Maior vede expressamente o anonimato (art. 5º, inciso IV), blogs e sites têm sido acessados por indivíduos que, incógnitos ou acobertados por nomes falsos (os chamados “fakes”), expressam todo tipo de opinião sobre fatos ou pessoas, não raro ultrapassando a tênue linha que separa a crítica da calúnia, da injúria ou da difamação.

Na enquete cujos resultados acima se veem, muitos votantes consideraram o anonimato importante para manter em sigilo quem critica ou opina, deixando-o a salvo de perseguições políticas ou da censura alheia. Concordo com os leitores que assim se posicionaram. Não há por que revelar a identidade quando se faz apenas um comentário decente, sem ofensas ou baixarias. O erro reside naqueles que, segundo 45,6% dos participantes da enquete, aproveitam-se do anonimato para atingir o caráter ou a vida pessoal ou profissional de quem cometeu o “grave crime” de pensar diferente.

Já fui alvo de anônimos acusadores. Não guardo rancor nem mágoa de nenhum deles. Considero-os como aquelas pessoas que, no meio da multidão ou no escuro, sentem-se encorajadas a praticar atos nocivos a outrem. Agem como estudantes do curso noturno que, quando da falta repentina de energia elétrica, gritam e chutam carteiras, confiantes na impossibilidade de o professor identificar os baderneiros. Preocupa-me esse comportamento infantil, que, além de exorbitar o exercício de um direito fundamental, pode servir de pretexto para alguns dementes defenderem o retorno da censura.

Meus fiéis leitores sabem que este modesto blog não se alinha com nenhuma corrente política local nem foi criado com a intenção de fazer propaganda pessoal deste escrevinhador ou de qualquer outra pessoa. Pode-se não concordar com minhas ideias. Nada mais óbvio, pois não sou infalível nem almejo a unanimidade. Ninguém há de negar que o debate, neste espaço, sempre foi aceito e, inclusive, estimulado. Só peço a alguns comentaristas de minhas matérias que, em vez de insultos e análises psicológicas injustas e fantasiosas, lancem mão de argumentos sólidos e coerentes. Não tentem desqualificar o emissor da mensagem. Combatam fatos com outros fatos. Porém, caso desejem partir para a ofensa gratuita e despropositada, ajam com dignidade e se identifiquem. É o mínimo que se espera de quem se arvora no direito de, publicamente, tentar sujar o nome alheio.

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