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quarta-feira, 25 de abril de 2012


PLÍNIO DANTAS "MARINHEIRO" SALDANHA

Em 1959, no dia 25 de abril, morria o maior líder político jardinense: Plínio Dantas Saldanha. Em sua homenagem, transcrevo, abaixo, trecho (ainda inédito) da segunda edição do livro Jardim de Piranhas: Ontem e Hoje:

Marinheiro Saldanha, assim chamado devido à sua pele de cor clara, é considerado, até hoje, a maior liderança política jardinense.
Em 25/07/1954, o jornal curraisnovense “A Voz do Seridó”(¹)  publicou extensa reportagem, intitulada “Trabalho e Inteligência Redimindo o Nordeste”, do seguinte teor:

Realizações fecundas de um fazendeiro adiantado e operoso. Como o Sr. Plínio Saldanha projeta a sua atuação no cenário econômico do Rio Grande do Norte e Paraíba.

Dentre as figuras e as realizações mais interessantes que temos tido ocasião de conhecer, através deste sertão nordestino, não podemos deixar de salientar a personalidade relevante e a obra magnífica de agrícola e seleção pecuária, de um dos mais destacados vultos desta zona.

Esta personalidade por todos os títulos destacada é a do Sr. Plínio Saldanha, conhecido familiarmente aqui e na Paraíba por “Marinheiro” Saldanha.

Nome sobejamente conhecido no Nordeste, pela projeção social, política e financeira de sua família – os Dantas e os Saldanhas – já por sua própria atuação pessoal, o Sr. Plínio Saldanha é um dos mais distinguidos e conceituados destas redondezas.

Ele está criando um admirável empório agrícola e pecuário em sua grande fazenda “Esperas”, no município paraibano de Brejo do Cruz, na ponta da terra que a Paraíba empurra pelos vales do Piranhas e do Seridó adentro no Rio Grande do Norte. Essa fazenda é um enorme latifúndio, uma colmeia formidável de trabalho. Tem sete léguas quadradas de terras de criar e plantar, com nove açudes em seu domínio. É um aglomerado de várias propriedades do Sr. Plínio Saldanha e sua matriz, com a denominação referida, abriga mais de 100 (cem) moradias, com cerca de 600 habitantes.

A casa da residência local do Sr. Plínio Saldanha é magnífica, dispondo de todo o conforto moderno, rádio, geladeira, mobiliário finíssimo, grandes e luxuosas instalações. Na sua propriedade, o Sr. Plínio Saldanha emprega os mais modernos processos de cultura mecânica. Dispõe mais de 72 cultivadores mecânicos, 16 arados e duas grades para o trabalho agrícola. Por isso mesmo o inteligente agricultor conseguiu um tipo uniforme e perfeito de fibra de algodão, que se coloca entre as melhores desta zona. Suas culturas são exclusivamente da variedade mocó, produzindo fibra longa e perfeita.

É ele apontado e registrado na Paraíba como um dos maiores produtores de algodão do Estado. O Sr. Plínio Saldanha, em Jardim de Piranhas, tem realizado várias vendas de algodão em Natal, de sua lavra, obtendo classificação do tipo dois com fibra de 34-36mm, o que representa um verdadeiro “test” de produção do “ouro branco”.

Além desse esforço poderoso no sentido do aperfeiçoamento da cultura agrícola do Nordeste, o Sr. Plínio Saldanha situa-se também entre os maiores e mais adiantados criadores da região. Sua fazenda Esperas está produzindo uma seleção completa de espécies raciais bovinas, eliminando quase completamente o gado crioulo, conhecido vulgarmente por “pé duro”. O que ainda existe em “Esperas”, de nossas espécies comuns, é gado de compra para solta.

Nesse terreno, o trabalho do Sr. Plínio Saldanha também é relevante. Possui ele uma criação abundante (orça por 2.600 cabeças a sua contagem de bovinos) e toda selecionada.

São conhecidos e admirados os seus exemplares de Zebus com as variedades familiares Guzerat e Indo-Brasil, além de explêndidos especimens de Schwirtz e da raça Hersford, linhagem cara e preciosa, de bovino. No setor comercial o Sr. Plínio Saldanha presta inestimáveis benefícios ao desenvolvimento da economia desta zona.

É um dos maiores compradores e exportadores de algodão desta faixa limítrofe do Rio Grande do Norte e Paraíba, estimulando e auxiliando a plantação de grandes e pequenos agricultores, a quem financia largamente, com um espírito liberal e desprendido, promovendo assim sempre novas iniciativas e incrementando a produção agrícola e o alargamento do comércio nestas lindas longínquas.

Para o beneficiamento da produção algodoeira de suas lavras e da grande maioria dos agricultores vizinhos, o Sr. Plínio Saldanha possui em sua propriedade duas usinas modernas, uma de grande e outra de média capacidade.

Vê-se, assim, através de traços rápidos, a capacidade dos nordestinos em levantar a gleba nativa da situação e de improdutividade em que se deixou ficar estiolando por muitos anos. Conhecendo-se a obra destacada e fecunda de trabalhadores inteligentes e adiantados do porte de um “Marinheiro” Saldanha é que melhor se pode ajuizar do futuro radioso que espera o destino do Nordeste, para enriquecimento coletivo e felicidade de suas populações.

Propriedades do Sr. Plínio Saldanha: Matriz – Esperas; filiais – Pau d’Arco, Mucambo, Passagem da Onça, Pitombeira, Cotias, Palha, Sta. Luzia, Timbaúba e Monte Alegre.

O Sr. Plínio Saldanha nasceu no dia 12.07.1892 na fazenda Brejo do Cruz/PB. Em 1928, chegou a Jardim de Piranhas, exerceu o comércio ali, de tecidos, compras de algodão e sementes de oiticica, 1930, revolucionário, gozando do prestígio do executivo Interventor Dr. Mário L. R. P. da Câmara, ingressando no P.S.D., sendo chefe político do Município de J. de Piranhas, onde foi prefeito em 1946, quando realizou-se eleição nacional, Sr. Plínio Saldanha, como candidato de suplente de senador do Sr. Georgino Avelino, tendo alcançado nada menos de 78.000 votos.


Antes de se instalar definitivamente em Jardim, “Marinheiro” Saldanha foi prefeito de Brejo do Cruz (PB). Assumiu também a Prefeitura local em dois mandatos: de 13/03/1951 a 30/03/1953 e de 31/03/1958 a 25/04/1959. No primeiro, nomeado pelo Governador do Estado na época, Jerônimo Dix-Sept Rosado; no segundo, eleito democraticamente pelo povo.

À frente do Executivo Municipal, “Marinheiro” promoveu o desenvolvimento do município, entregando à população várias obras, dentre as quais se destacam o Mercado Público e a energia elétrica a motor, logo no primeiro mandato que exerceu. Entretanto, muito pouco pôde realizar em seu segundo mandato, pois só governou exatos um ano e 24 dias, quando faleceu no dia 25 de abril de 1959, na sua fazenda “Esperas”.

Durante todo o tempo em que exerceu sua liderança política, a figura firme e decidida do “Coronel Marinheiro” sempre esteve ao lado do povo, quando este se viu ameaçado ou necessitando de auxílio. Um fato que ilustra sua condição de líder encontra-se registrado nos anais da Câmara Municipal. Em 26/04/1966, realizou-se sessão solene visando a homenagear “Marinheiro”. Na ocasião, Francisco das Chagas Vale Saldanha, seu filho, num emocionado pronunciamento,

(...) discorreu magnificamente a respeito da vida pública do homenageado, ressaltando todos os tópicos políticos ocorridos na longa e destacada carreira política do grande líder. Assinalou as suas virtudes bem coordenadas na inequívoca capacidade de liderança e alicerçadas na vocação democrática de que era possuidor. Acentuou que graças a esta vocação democrática, impediu, com toda a força de seu prestígio, que a sanha terrorista e criminosa desencadeada pela política do então interventor Mário Câmara viesse afligir nosso povo. E quando o sicário Ten. Rangel chegou a esta cidade de chibata na mão, para coagir o povo, foi a voz firme, na ação positiva de Plínio Saldanha, que, na ocasião, disse as seguintes palavras, que ainda hoje ressoam nos ouvidos dos jardinenses: “Tenente, guarde sua chibata que este povo é meu” (...) (²).

(¹) A VOZ DO SERIDÓ. Ano II, nº 8: Currais Novos, 25/jul/1954.
(²) CÂMARA MUNICIPAL DE JARDIM DE PIRANHAS. Registro de Atas Especiais. Livro nº 01.

3 comentários:

Anônimo disse...

A "rua nova" de Jardim e a Ponte estão entre as realizações de Marinheiro Saldanha?

Anônimo disse...

Se eu me importo, se no futuro, lançarão um livro sobre minhas tramóias quando fui representante político do povo de Jardim de Piranhas. Não tou nem aí. Eu quero mesmo, hoje, jogar baralho, ser engraçado e farrar, enquanto meus filhos e minha mulher se esbaldam nas compras. Nosso carpe diem? Sorrir para as mídias nas festas concorridas.

Anônimo disse...

Um dos homens que tinha mais visao para o futuro.

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