INESQUECÍVEIS NATAIS PASSADOS

sábado, 24 de dezembro de 2011


Ontem à noite, tal como ocorrera na ficção com Ebenezer Scrooge(¹), recebi a visita do fantasma dos Natais passados. Chegou em silêncio, pegou-me pela mão e me conduziu a cenários já embaçados por minha fraca memória.

Revi, com imensa alegria, um arranjo de Natal instalado no centro da cidade, muito provavelmente defronte do comércio do vereador Armando Cabral. Lembro-me de ter passado horas admirando a profusão de cores, as feições do Papai Noel, as figuras do presépio, notadamente os animais em volta do pequenino Cristo.

Nem bem pisquei os olhos e já estava sentado ao lado de meus pais, em volta de uma grande mesa, instalada no muro da residência de Chico do Foto. Aspirei novamente o delicioso aroma do churrasco, tão bem preparado pelo anfitrião e por minha primeira professora, dona Margarida. Todos os vizinhos eram convidados. Eu e outras crianças na época, após nos fartamos com refrigerante e carne deliciosa, dormíamos em quartos especialmente reservados para nós.

Depois, após um breve lufar, vi-me novamente passeando pelo mercado público, ouvindo Agnaldo Araújo pela Difusora Municipal e saboreando rodelas de abacaxi e nacos de bolo de batata, tão logo encerrada a Missa do Galo. O local era ponto de parada obrigatório para todos os jardinenses, principalmente para a grande maioria que morava nos sítios e fazendas e enchia a cidade na noite de Natal.

Repentinamente, o cenário dentro do mercado se transformou, e me dei conta que dançava uma bela música do Roupa Nova na festa realizada em conjunto pelo CAP e Independente. Os dois clubes, em 1985, deixaram de lado a rivalidade e contrataram as bandas locais Emy Som 7 e Caminho Livre para, pela primeira vez, tocarem juntas. Foi minha primeira e inesquecível festa de Natal. Provei novamente da vodka com Fanta e reencontrei a turma de verdadeiros amigos, toda ela reunida dentro do “local” onde costumeiramente ficávamos.

Foi com uma ponta de descontentamento que retornei ao presente. Esforcei-me para segurar as lágrimas, apesar da grande alegria que senti ao rever meus avós, minha amada mãe e tantas outras pessoas admiráveis que já não mais se encontram entre nós. Não se pense que vivo apegado ao passado. Apenas gosto, como qualquer um, de recordar os bons momentos. Sei que devemos viver o presente e planejar um futuro bom. Entretanto, não podemos, jamais, deixar de reverenciar a memória daqueles que tanto nos fizeram bem.

Um feliz Natal para todos! Que Deus, Nossa Senhora e Jesus Cristo abençoem todos os lares jardinenses!


(¹) Personagem de Conto de Natal, escrito em 1843 pelo escritor inglês Charles Dickens. Era avarento, ganancioso e odiava o Natal, em cuja noite recebeu a visita de seu sócio Marley, já falecido, que lhe anunciou a visita de três fantasmas, representando os Natais passado, presente e futuro. 

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