domingo, 21 de agosto de 2011


Recebi o texto abaixo através de e-mail a mim enviado por meu amigo e colega de trabalho Nelson. Ri bastante ao lê-lo. Espero que vocês também o apreciem.


OCÊ GÓSDEVINHO

Degustação de vinho em Minas


- Hummm...

- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?! Quem falou Eca?

- Fui eu, sô! O sinhô num acha que esse vinho tá com um gostim istrannn?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de
trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...

- Putaquepariu sô! E o sinhô cherô isso tudo aí no copo ?!

- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?

- Cebesta, eu não! Sou isso não sinhô !! Mas que isso aqui tá me cherano iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!

- O sinhô me descurpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e infiano o narigão lá dentro. O sinhô tá gripado, é ?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...

- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!

- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...

- Ma num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim!

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francêis nessa história lazarenta...

- O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!

- Então, que tal um mais encorpado?

- Óia lá, ocê tá brincano com fogo...

- Ou, então, um suave fresco!

- Seu moço, tome intento, que a minha mão já tá coçano de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!

- Num vô não, fi dum cão! Mas num vô, messs! Num é questã de tamannn e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédoreia, hein, seu fióte de Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas sua venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!

- E um Mole, com bouquet forte?

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fidaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...



Luiz Fernando Veríssimo

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