JOGOS INESQUECÍVEIS DO CAP

sábado, 2 de julho de 2011

MANUEL MARCOU O GOL DO TÍTULO

O SERIDÓ É NOSSO!

DATA: 21 de dezembro de 1997
CENÁRIO: Campo da Emparn, em Cruzeta/RN
PROTAGONISTAS: CAP e Fluminense, de Cruzeta/RN

Após conquistar a I Copa Intermunicipal João Dino Maia, campeonato disputado por equipes locais e dos municípios de São Bento, Brejo do Cruz e Timbaúba dos Batistas, surgiu a oportunidade de o CAP provar a excelência de seu time na disputa do primeiro Campeonato do Seridó promovido pela Associação Seridoense de Futebol. A participação de equipes tradicionais da região, como Potiguar, de Currais Novos, Vasco, de Acari, e Jardim E.C., de Jardim do Seridó, levava a crer que este Seridozão destacar-se-ia dos anteriores devido à qualidade técnica dos clubes participantes.

O CAP, porém, não tinha a confiança de sua torcida. A política de reforçar o elenco com um mínimo de jogadores "de fora" levantava dúvidas quanto ao sucesso da equipe na competição. Francimar, vice-presidente do clube e técnico do time, contratou apenas os três jogadores profissionais a que tinha direito: Cimar, goleiro caicoense que disputara a Copa João Dino por Timbaúba dos Batistas; Francimário, atacante de Jucurutu, que havia disputado o Estadual pelo Coríntians, de Caicó; e Concone, ex-Coríntians, ex-Baraúnas, de Mossoró, grande ídolo da torcida tricolor.

A estréia, no dia 20 de setembro, não foi nada animadora. Jogando em seu estádio, o CAP perdeu de virada para o Fluminense, de Cruzeta, por 2 a 1, derrota que acabou com uma invencibilidade de nove anos em jogos oficiais disputados em casa. Alguns – não poucos – jogadores, visivelmente abatidos por causa de seguidas noites mal dormidas, não renderam em campo o que costumavam. A culpa recaiu sobre os dirigentes tricolores, que acertaram a realização da partida no meio da festa da padroeira local.

Essa derrota alimentou o pessimismo da torcida em relação às possibilidades de classificação. Mas, para a surpresa desses jogadores, a equipe iniciou uma sequência de vitórias (cinco em sete jogos) e se classificou com duas rodadas de antecedência para a fase semifinal. O CAP, nesse momento, era outro. A equipe subia de produção a cada jogo, mostrando condições de disputar o título.

O regulamento da fase semifinal previa o confronto dos primeiros lugares com os segundos. Coube ao CAP, segundo de seu grupo, enfrentar o Jardim E.C., de Jardim do Seridó, primeiro do grupo por muitos considerado o mais forte da competição. O CAP, porém, não quis saber do favoritismo do Jardim e o derrotou duas vezes, por 4 a 1 e 3 a 1. Ao mesmo tempo, o Fluminense passava por maus bocados contra o Sabugi, de Santa Luzia/PB: perdeu a primeira (4 a 1), ganhou a segunda (1 a 0) e, por milagre, levou a melhor na disputa por pênaltis. O título, portanto, seria decidido entre os dois tricolores.

Como já havia vencido o adversário duas vezes na fase classificatória – o CAP também perdera o jogo em Cruzeta por 3 a 2 -, o Fluminense dava como certa a conquista do título. A confiança era maior porque, como fizera melhor campanha, bastavam dois resultados iguais para a taça ficar em Cruzeta.

O CAP, por sua vez, esperava vencer o primeiro jogo da finalíssima, em casa, por uma boa margem de gols, a fim de decidir em Cruzeta com mais tranquilidade. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Num dia de pouca inspiração, o CAP conquistou uma magra vitória por 2 a 1, ficando na obrigação de no mínimo empatar o segundo jogo, caso ainda quisesse ser campeão.

Mais uma vez, o tricolor jardinense iria a Cruzeta em busca de um resultado favorável, situação parecida à do Matutão de 1985. A partida final, marcada para o dia 21 de dezembro de 1997, foi cercada de todos os cuidados. Os organizadores temiam ver repetidos os lamentáveis incidentes envolvendo as torcidas de ambas as equipes nos dois últimos confrontos entre CAP e Fluminense. Um grande contingente de policiais em campo, somado ao empenho pessoal do prefeito cruzetense, felizmente impediram quaisquer atritos entre os torcedores. O campeonato, pois, seria decidido dentro de campo.

O estádio lotado de torcedores, três emissoras de rádio a postos, os dois times em campo. Eram 15 horas e 24 minutos quando o árbitro Antônio Nazareno, da Liga de Currais Novos, determinou o início da partida que entraria para História dos dois tricolores. O de Cruzeta, certamente, passará anos lamentando a infelicidade de seus atacantes (dentre eles, Marquinhos), que, no primeiro tempo, apesar da forte pressão, das várias oportunidades de gols criadas, não fizeram sua torcida desentalar o grito preso na garganta. O tricolor jardinense, ao contrário, rapidamente esquecerá o gol feito perdido por Manuel logo nos primeiros minutos de jogo, uma vez que, na memória dessa decisão, não sobraria lugar para mais nada que não o gol da vitória, marcado pelo mesmo Manuel aos 20 minutos do segundo tempo, e a explosão de alegria que se seguiu ao apito final. Os heróis da decisão – Cimar, Castelo, Silva, Nen e Júnior Germano (depois Bié); Veinho, Novo, Concone e Clodoaldo (depois Tô); Francimário e Manuel, mais os reservas Júnior Dutra, Bebé, Jectom, Bibi, Calberg, Robervânio, Cacau, Micael, De Assis, Cotó e Babá – ficarão guardados na História do Clube Atlético Piranhas como os primeiros grandes campeões tricolores.

Dentre todas as equipes, o CAP foi a que menos jogadores contratou. Sagrou-se campeão com o melhor ataque, a melhor defesa, o vice-artilheiro (Francimário, com nove gols) e colocou quatro jogadores na seleção do campeonato: Cimar, Concone, Francimário e Manuel. A campanha do CAP: 11 vitórias em 14 jogos, nenhum empate e três derrotas; 31 gols a favor e apenas 9 contra, o que dá um saldo de 22 gols, demonstra claramente o brilhantismo do feito. O clube provou, de uma vez por todas, ser o legítimo representante do futebol jardinense.

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