ADMINISTRADOR PÚBLICO PODE COMETER “PECADOS”?

terça-feira, 12 de julho de 2011


Antes de comentar os resultados da última enquete, gostaria de me desculpar com todos os que dela participaram. Os 57 leitores  deste modesto blog que, ao longo de dez dias, escolheram o “pecado” que um prefeito poderia cometer foram personagens de uma “pegadinha”. Essa enquete, na verdade, era para haver sido solenemente ignorada. Não era para ter recebido um mísero voto. Vou tentar explicar o porquê.

Faça de conta, caro leitor, que a Prefeitura Municipal é uma empresa de sua propriedade. O prefeito, nesse caso, é o diretor que você escolheu para administrá-la. Qualquer pessoa, em sã consciência, deseja ver seu empreendimento progredir, crescer, apresentando lucros cada vez maiores, para a satisfação também dos empregados, que receberão seus salários em dia e trabalharão num ambiente agradável e salubre.

Pois bem. Encarando-se a Prefeitura sob essa ótica, convido-o a fazer algumas reflexões:

1ª) você permitiria que o diretor de sua empresa contratasse parentes dele para assessorá-lo, mesmo não tendo eles capacidade para bem desempenhar a função, correndo-se o risco de prejudicar a qualidade dos serviços e/ou dos produtos? 23% dos participantes da enquente permitiriam.

2ª) você manteria no cargo um diretor que desviasse dinheiro de sua empresa, enriquecendo-se a olhos vistos, apenas porque ele se mostrava eficiente à frente do empreendimento? 17% dos participantes da enquete manteriam.

3ª) você consideraria aceitável que esse diretor perseguisse funcionários eficientes e produtivos, negando a estes direitos historicamente garantidos, movido somente por convicções pessoais ou, simplesmente, por não simpatizar com eles? 7% dos participantes da enquete consideraram.

4ª) você acharia normal seu diretor passar vários dias sem aparecer na empresa devido, apenas, ao fato de morar em outra cidade? 39% dos participantes da enquete acharam.

5ª) você, por fim, contrataria um diretor se soubesse que ele, no exercício da função, certamente cometeria falhas que prejudicassem sua empresa ou o bem-estar de seus funcionários? 14% dos participantes da enquete contratariam.


Sei que a maciça maioria dos que votaram na enquete foram induzidos a erro por mim. Peço-lhes desculpas, novamente. No entanto, lidas as considerações acima, estou certo de que muitos se somarão a mim no seguinte posicionamento: um administrador público não pode cometer pecados!!!!! Afinal, se não aceitamos ser roubados ou ludibriados por um empregado nosso, seja ele competente ou não, a mesma atitude devemos ter diante daqueles que elegemos para administrar um município, um estado ou o país.

Todo aquele que se candidata a um cargo público deve estar consciente disso e preparado para o que se espera dele. Erros, obviamente, podem ser cometidos, pois prefeitos, governadores e presidente são humanos e, portanto, falíveis. Entretanto, o que não se pode tolerar é a desonestidade, a corrupção, a incompetência, o absenteísmo. O administrador público deve procurar, a todo custo, errar o menos possível. Se achar tal tarefa penosa ou difícil demais, é melhor deixar o caminho livre para alguém mais capacitado e honesto. 

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