DEU NA REVISTA VEJA

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Na edição que circulou na semana passada, a revista VEJA publicou uma matéria, assinada pelas jornalistas Renata Betti e Roberta de Abreu Lima. Recomendo a leitura integral do texto, que se vê abaixo transcrito.

OS ADVERSÁRIOS DO BOM PORTUGUÊS
Doutrinar crianças com a tese absurda de que não existe certo ou errado no uso da língua é afastá-las do que elas mais precisam para ascender na vida

Em um mundo em que o sucesso na vida profissional depende cada vez mais do rigor intelectual e do conhecimento, causa perplexidade a bandeira que vem sendo empunhada em escolas públicas e particulares brasileiras por uma corrente de professores de linguística. Eles defendem a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta, ancorada na gramática, é só mais uma entre as várias maneiras de expressar-se. Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe tais regras – papel fundamental de um bom professor – é “preconceito linguístico”. Adotado nas aulas de português de meio milhão de estudantes do ensino fundamental, o livro Por uma Vida Melhor é uma amostra do que propaga esse círculo de falsos intelectuais. Escreve Heloísa Ramos, uma das autoras: “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar os livro?’ Claro que pode”. O erro crasso de concordância seria apenas uma “variação popular”, segundo a autora. Certamente um desserviço aos jovens de uma nação de iletrados sedenta de conhecimentos. Mas as autoridades já estão cientes desse desastre e cuidam de reverter seus efeitos, certo? Errado. A ignorância prospera sob a chancela oficial. O Ministério da Educação (MEC), que pagou pelos livros e os distribuiu, decidiu não retirá-los das escolas. Diz a educadora Maria Inês Fini: “A escola que não enfatiza a norma culta da língua está excluindo seus alunos da cultura dominante, que todos devem almejar e à qual devem ter acesso”.

O motor ideológico dos obscurantistas se move em torno da visão de que a língua culta é um instrumento de dominação das elites. Essa tolice é disseminada nas faculdades brasileiras de pedagogia. Resume o historiador Marco Antonio Villa: “O discurso dominante nessas instituições valoriza a ignorância”. Essa visão mesquinha deturpa a sociolinguística, ramo de estudo focado nas variações do uso de um idioma – o que é bem diferente de menosprezar a norma culta e ensinar às crianças que elas podem falar “nós vai” ou “nós pegou o peixe” e que, se alguém as admoestar, é por “preconceito linguístico". Esses desvarios são o retrato da atual situação política brasileira, comandada por uma ortodoxia cada vez mais ousada em sua destruição impune de todo bem cultural que não se encaixa na sua estreita visão de mundo. “A ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite é um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida”, diz o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de dezenas de livros. Um dos expoentes dos talibãs da linguística no Brasil é um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB), hoje o grande madraçal da ortodoxia dessa estupidez, Bagno criou o termo “preconceito linguístico" em um livro de mesmo nome lançado na década de 1990.

Já é um escândalo planetário que o suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores esteja sendo usado para sustentar os desvarios dos talibãs acadêmicos. A preguiça mental desses doutores do atraso é sustentada por brasileiros de quem o Fisco arranca a maior carga de impostos do mundo entre os países emergentes, por pais e mães que gastam metade do que ganham para pagar uma boa escola privada aos filhos, suprindo com seu suor o que deveria ser obrigação do estado. Para a procuradoria da República Janice Ascari, está-se diante de um crime “contra nossos jovens... um desserviço à educação já deficientíssima no país”. É espantoso que as crianças brasileiras estejam sendo expostas a esse tipo de lixo acadêmico travestido de vanguarda cultural, quando deveriam estar aprendendo as disciplinas obrigatórias e acumulando o conhecimento e as habilidades que as tornarão capazes de enfrentar com sucesso os desafios do mundo real. O crime apontado pela procuradora Janice Ascari ocorre em um país em que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos, onde 1 milhão de vagas abertas pelas empresas brasileiras não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada. Enquanto isso, nas salas de aula das escolas públicas, as crianças brasileiras carentes de “aprender a pescar”, no sentido do provérbio, são ensinadas que é certo falar “nós pega o peixe”.

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